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À sombra do Plátano_comentário sobre o mito escatológico do Fedro de Platão
O mítico relato de Sócrates à Fedro, na palinódia a Eros, acerca de reminiscências fruídas no tempo das origens – miniatura que condensa temas centrais desse belo Diálogo do maior dos interlocutores daquele filósofo –, é aqui tomado como paradigma hermenêutico do conjunto da obra exotérica de Platão. À semelhança de um ovo filosófico, este curto discurso de retratação é vasto à sua maneira, revela como o que é em si pequeno pode abarcar o que é imenso. Conduzido por um autêntico psykopompos, o autor do Fedro reproduz com vívidas asserções essa narrativa sobre o arrebatado regresso das almas (psykhai) ao cerne daquele longínquo passado. O que foi, então, visto (idein) no imutável horizonte onde estão postadas as Ideai é rememorado aqui, e em outras duas mil páginas de textos platônicos, do modo que é possível à escrita quando do seu advento na Grécia.