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A experiência marginal e o deslocamento nômade em Edward W. Said e Milon Hatoum
O objetivo deste trabalho é estabelecer, para além do diálogo entre os dois intelectuais de origem árabe, uma reflexão sobre o modo como Milton Hatoum, tendo sido bastante influenciado pela episteme do chamado pensamento “orientalista”, busca construir seus personagens e narradores nômades, paradoxalmente presos e em deslocamento constante, e como essa desterritorialização produz o problema da representação estética e política do mundo nas margens do Ocidente, como nos parece o caso da região amazônica. O tema do deslocamento se configura como um dos temas privilegiados de Edward Said, no caso dos narradores em Milton Hatoum, percebe-se que o problema do intelectual contemporâneo, que deve assumir a fala do “outro”, parte de um espaço ocupado pelo nômade, pois, sendo estrangeiros, seus narradores se apresentam como personagens que estão sempre nos “entre lugares”, “entre culturas” e “entre tempos”. Traçar a cartografia que une o pensamento nômade desses intelectuais pode ajudar-nos a compreender o enigma de uma espécie de errância contínua dos narradores e personagens nos romances de Milton Hatoum. O apego à terra natal é o apego ao vazio, o narrador torna-se naturalmente nômade, criando ranhuras onde restam ruínas.