Rodrigo Dias da Rocha, Camilla Senise Nunes, Marina Nogueira Toledo, Paloma Boldrini, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, Katia Alvim Mendonça, Manoel Marques Torres
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Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 50 anos, gesta I, para I (parto cesáreo aos 18 anos de idade), menstruando regularmente desde os 13 anos de idade, com fluxo sanguíneo normal com duração de 3 dias, procurou o Ambulatório do Serviço de Ginecologia com relato de surgimento de dor pélvica tipo cólica há aproximadamente 1 ano, no período pré e pós-menstrual. Relata dispareunia profunda de longa data. Ao exame físico da primeira consulta, observou-se presença de abaulamento cístico em parede lateral. O colo uterino planificado e útero de tamanho e mobilidades normais ao toque vaginal. Os anexos não foram palpáveis. A ultrassonografia transvaginal mostrou útero septado em AVF, medindo 6,6 × 36 × 47 cm, com 2 ecos endometriais medindo, respectivamente, 8,9 cm o esquerdo e 9,8 cm o direito, eco endometrial não individualizado e ovários normais, medindo, respectivamente, o direito 2,7 × 2,3 cm e o esquerdo 6,0 × 4,2 mm, contendo um cisto de 4,2 cm sem fluxo ao doppler. Foi solicitada uma ressonância nuclear magnética da pelve que evidenciou útero septado parcialmente medindo 8,2 × 3,3 × 55 cm. Os ligamentos uterossacros estavam sem alterações. A vagina apresentava conteúdo hemático na sua porção superior e lateral esquerda, devendo-se considerar hemivagina obstruída. Em região parauterina esquerda, havia presença de formação cística serpinginosa com conteúdo hemático. Deve-se considerar a possibilidade de ureter ectópico com implantação vaginal. O rim direito estava normal, sem sinais de hidronefrose, e o rim esquerdo estava ausente. A paciente optou por não realizar abordagem cirúrgica devido à proximidade da menopausa. Comentários: O caso chama a atenção pelo diagnóstico tardio desta malformação urogenital, provavelmente devido ao fato de o septo uterino não ser completo, permitindo o escoamento do sangue menstrual do hemiútero esquerdo em direção à hemivagina direita, com acúmulo parcial na hemivagina esquerda. Diferentemente da síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich (SHWW), que é uma malformação urogenital caracterizada pela tríade de útero didelfo, hemivagina obstruída e agenesia renal ipsilateral, cujo diagnóstico é feito na puberdade e requer intervenção cirúrgica imediata.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"99 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Diagnóstico tardio por ressonância magnética de malformação do sistema urogenital: relato de caso\",\"authors\":\"Rodrigo Dias da Rocha, Camilla Senise Nunes, Marina Nogueira Toledo, Paloma Boldrini, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, Katia Alvim Mendonça, Manoel Marques Torres\",\"doi\":\"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1021\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Introdução: A maioria das anomalias congênitas do trato genital feminino (ACTGF) afeta o útero. 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Diagnóstico tardio por ressonância magnética de malformação do sistema urogenital: relato de caso
Introdução: A maioria das anomalias congênitas do trato genital feminino (ACTGF) afeta o útero. No entanto, o espectro de ACTGF é grande, abrangendo anomalias do colo do útero, vagina, introito vulvar e trompas de falópio, com ou sem malformações associadas do ovário, trato urinário, esqueleto e outros órgãos. Essas anomalias podem ser avaliadas de forma abrangente com ressonância magnética para auxiliar na caracterização da anomalia, avaliação de complicações associadas e planejamento pré-operatório. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 50 anos, gesta I, para I (parto cesáreo aos 18 anos de idade), menstruando regularmente desde os 13 anos de idade, com fluxo sanguíneo normal com duração de 3 dias, procurou o Ambulatório do Serviço de Ginecologia com relato de surgimento de dor pélvica tipo cólica há aproximadamente 1 ano, no período pré e pós-menstrual. Relata dispareunia profunda de longa data. Ao exame físico da primeira consulta, observou-se presença de abaulamento cístico em parede lateral. O colo uterino planificado e útero de tamanho e mobilidades normais ao toque vaginal. Os anexos não foram palpáveis. A ultrassonografia transvaginal mostrou útero septado em AVF, medindo 6,6 × 36 × 47 cm, com 2 ecos endometriais medindo, respectivamente, 8,9 cm o esquerdo e 9,8 cm o direito, eco endometrial não individualizado e ovários normais, medindo, respectivamente, o direito 2,7 × 2,3 cm e o esquerdo 6,0 × 4,2 mm, contendo um cisto de 4,2 cm sem fluxo ao doppler. Foi solicitada uma ressonância nuclear magnética da pelve que evidenciou útero septado parcialmente medindo 8,2 × 3,3 × 55 cm. Os ligamentos uterossacros estavam sem alterações. A vagina apresentava conteúdo hemático na sua porção superior e lateral esquerda, devendo-se considerar hemivagina obstruída. Em região parauterina esquerda, havia presença de formação cística serpinginosa com conteúdo hemático. Deve-se considerar a possibilidade de ureter ectópico com implantação vaginal. O rim direito estava normal, sem sinais de hidronefrose, e o rim esquerdo estava ausente. A paciente optou por não realizar abordagem cirúrgica devido à proximidade da menopausa. Comentários: O caso chama a atenção pelo diagnóstico tardio desta malformação urogenital, provavelmente devido ao fato de o septo uterino não ser completo, permitindo o escoamento do sangue menstrual do hemiútero esquerdo em direção à hemivagina direita, com acúmulo parcial na hemivagina esquerda. Diferentemente da síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich (SHWW), que é uma malformação urogenital caracterizada pela tríade de útero didelfo, hemivagina obstruída e agenesia renal ipsilateral, cujo diagnóstico é feito na puberdade e requer intervenção cirúrgica imediata.