Bryan Alexander Cuervo, Mario Fernando Davila Obando, Julio da Silva Almeida, Daniela Cardeño Chamorro, Ana Laura Ribas Braga Bettega, Tatianne Rosa dos Santos, Christian Montero Vera, Sílvio Silva Fernandes
{"title":"深部子宫内膜血管瘤:巴西首例病例报告","authors":"Bryan Alexander Cuervo, Mario Fernando Davila Obando, Julio da Silva Almeida, Daniela Cardeño Chamorro, Ana Laura Ribas Braga Bettega, Tatianne Rosa dos Santos, Christian Montero Vera, Sílvio Silva Fernandes","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1013","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: O angiomixoma profundo (AP) é uma neoplasia mesenquimal benigna rara, com apenas cerca de 250 casos registrados no mundo. O AP pode apresentar recorrência local em aproximadamente 40% dos casos quando não é completamente excisado. É mais comum em mulheres e geralmente cresce localmente, embora existam relatos de casos de metástases. A causa do AP ainda é desconhecida. O AP endometrial é ainda mais raro devido à sua localização e geralmente afeta mulheres com menos de 40 anos. Neste relato de caso, descrevemos um caso raro de AP endometrial e pretendemos contribuir para a identificação e o tratamento de possíveis novos casos dessa doença. Relato de caso: Uma paciente do sexo feminino, 48 anos de idade, de etnia branca, apresentou queixa de sangramento anormal e dor pélvica entre janeiro e setembro de 2021. Após avaliação, prescreveu-se acetato de medroxiprogesterona. No entanto, o sangramento uterino aumentou e a intensidade da dor aumentou. A paciente desenvolveu anemia severa e continuou apresentando sangramento uterino anormal sem causa aparente. O exame preventivo (Papanicolau) não mostrou evidências de malignidade. A ultrassonografia transvaginal revelou a presença de leiomioma subseroso. Realizou-se vídeo-histeroscopia diagnóstica, que revelou endométrio espessado com pólipos no canal endocervical. A biópsia do pólipo endometrial e o estudo anatomopatológico revelaram pólipo endocervical com aspecto mixoide do estroma. Indicou-se estudo imuno-histoquímico complementar. Os aspectos morfológicos observados juntamente com o perfil imuno-histo-químico favoreceram o diagnóstico de angiomixoma profundo. A paciente foi encaminhada ao Hospital Mário Kroeff, onde foi realizada ressonância magnética que mostrou útero em anteversão, com contorno lobulado e dimensões aumentadas, apresentando espessamento da zona juncional, sugerindo adenomiose, o que dificultou a avaliação de possíveis lesões miometriais associadas. Além disso, identificou-se leiomioma na parede corporal posterior, subseroso. O endométrio apresentava espessamento e heterogeneidade, com, pelo menos, dois pólipos que realçaram na administração do meio de contraste, sendo o maior próximo ao orifício interno do colo uterino. A paciente foi submetida à histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral (remoção do útero e anexos) no dia 5 de outubro de 2022, permanecendo livre de recorrências até o momento. Comentários: O AP é frequentemente diagnosticado de modo errôneo e pode apresentar taxa significativa de recorrência. Em muitos casos, seu diagnóstico é confundido com outros tumores de partes moles com alterações mixoides secundárias. No caso apresentado, a análise do perfil imuno-histoquímico foi fundamental para o diagnóstico correto. É comum que pacientes com angiomixoma profundo apresentem anemia severa, o que auxilia no diagnóstico diferencial de outras patologias; no caso relatado, a dosagem de hemoglobina foi de 4 mg/dL. 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Angiomixoma profundo endometrial: primeiro relato de caso no Brasil
Introdução: O angiomixoma profundo (AP) é uma neoplasia mesenquimal benigna rara, com apenas cerca de 250 casos registrados no mundo. O AP pode apresentar recorrência local em aproximadamente 40% dos casos quando não é completamente excisado. É mais comum em mulheres e geralmente cresce localmente, embora existam relatos de casos de metástases. A causa do AP ainda é desconhecida. O AP endometrial é ainda mais raro devido à sua localização e geralmente afeta mulheres com menos de 40 anos. Neste relato de caso, descrevemos um caso raro de AP endometrial e pretendemos contribuir para a identificação e o tratamento de possíveis novos casos dessa doença. Relato de caso: Uma paciente do sexo feminino, 48 anos de idade, de etnia branca, apresentou queixa de sangramento anormal e dor pélvica entre janeiro e setembro de 2021. Após avaliação, prescreveu-se acetato de medroxiprogesterona. No entanto, o sangramento uterino aumentou e a intensidade da dor aumentou. A paciente desenvolveu anemia severa e continuou apresentando sangramento uterino anormal sem causa aparente. O exame preventivo (Papanicolau) não mostrou evidências de malignidade. A ultrassonografia transvaginal revelou a presença de leiomioma subseroso. Realizou-se vídeo-histeroscopia diagnóstica, que revelou endométrio espessado com pólipos no canal endocervical. A biópsia do pólipo endometrial e o estudo anatomopatológico revelaram pólipo endocervical com aspecto mixoide do estroma. Indicou-se estudo imuno-histoquímico complementar. Os aspectos morfológicos observados juntamente com o perfil imuno-histo-químico favoreceram o diagnóstico de angiomixoma profundo. A paciente foi encaminhada ao Hospital Mário Kroeff, onde foi realizada ressonância magnética que mostrou útero em anteversão, com contorno lobulado e dimensões aumentadas, apresentando espessamento da zona juncional, sugerindo adenomiose, o que dificultou a avaliação de possíveis lesões miometriais associadas. Além disso, identificou-se leiomioma na parede corporal posterior, subseroso. O endométrio apresentava espessamento e heterogeneidade, com, pelo menos, dois pólipos que realçaram na administração do meio de contraste, sendo o maior próximo ao orifício interno do colo uterino. A paciente foi submetida à histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral (remoção do útero e anexos) no dia 5 de outubro de 2022, permanecendo livre de recorrências até o momento. Comentários: O AP é frequentemente diagnosticado de modo errôneo e pode apresentar taxa significativa de recorrência. Em muitos casos, seu diagnóstico é confundido com outros tumores de partes moles com alterações mixoides secundárias. No caso apresentado, a análise do perfil imuno-histoquímico foi fundamental para o diagnóstico correto. É comum que pacientes com angiomixoma profundo apresentem anemia severa, o que auxilia no diagnóstico diferencial de outras patologias; no caso relatado, a dosagem de hemoglobina foi de 4 mg/dL. Devido às doenças adicionais no útero e com o objetivo de obter margens cirúrgicas 100% livres, optou-se pela realização da histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral.