Polyana de Paula Mendes Machado, Gabrielle Soares Barreto Venâncio, Consuelo Chicralla Martins, Letícia de Almeida Velasco, Iara da Silva Ourofino, Gessylane Pinheiro Florido Peixoto
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Relato de caso: Uma gestante, D.A.D.S., 33 anos, com 31 semanas de idade gestacional, relatou histórico de hipercolesterolemia familiar e não tinha outras comorbidades. Ela procurou o Serviço de Emergência Obstétrica devido a dor intensa na parte superior do abdômen e foi encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI). Seu histórico obstétrico era de G2P1A0. Realizaram-se um ultrassom obstétrico que mostrou oligodramnia moderada e um ultrassom abdominal total que sugeriu hidronefrose bilateral. Exames de sangue foram realizados e a equipe médica foi chamada ao laboratório de análises clínicas devido à aparência incomum do sangue centrifugado, que apresentava uma aparência amanteigada. Com base nesse achado, foi solicitado um perfil lipídico e exames das enzimas pancreáticas, que resultaram em colesterol de 776 mg/dL, triglicerídeos de 4.825 mg/dL, amilase de 227 u/L e lipase de 58,7 u/L. Devido à evolução desfavorável do caso, decidiu-se iniciar corticosteroides para amadurecimento pulmonar do feto e planejar uma cesariana. Durante a cirurgia, foi identificado líquido livre na cavidade abdominal, sugerindo ascite gordurosa, e o sangue tinha uma aparência rosada e viscosa. O recém-nascido nasceu vivo e foi encaminhado para a unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Os níveis de triglicerídeos diminuíram após o parto, chegando a 930 mg/dL. Após 15 dias de internação na UTIN, a paciente recebeu alta para a enfermaria e, posteriormente, alta hospitalar. Infelizmente, o recém-nascido evoluiu para óbito devido à prematuridade após 50 dias de internação hospitalar. Comentários: O perfil lipídico durante a gestação pode sofrer alterações, e em alguns casos, ocorre um aumento acentuado dos níveis séricos, aumentando o risco de pancreatite. A hipertrigliceridemia na gravidez é um desafio para o manejo clínico, pois não há uma terapia eficaz disponível, uma vez que as estatinas não são indicadas para uso durante a gestação.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"123 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Hipertrigliceridemia grave em gestante: relato de caso\",\"authors\":\"Polyana de Paula Mendes Machado, Gabrielle Soares Barreto Venâncio, Consuelo Chicralla Martins, Letícia de Almeida Velasco, Iara da Silva Ourofino, Gessylane Pinheiro Florido Peixoto\",\"doi\":\"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1075\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Introdução: A hipertrigliceridemia é caracterizada pelo aumento das lipoproteínas responsáveis pelo transporte de triglicerídeos no organismo. 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Hipertrigliceridemia grave em gestante: relato de caso
Introdução: A hipertrigliceridemia é caracterizada pelo aumento das lipoproteínas responsáveis pelo transporte de triglicerídeos no organismo. Durante a gestação, ocorrem várias alterações no metabolismo lipídico devido a mecanismos hormonais, visando fornecer nutrição adequada ao feto. Os casos de hipertrigliceridemia na gravidez são difíceis de diagnosticar, pois os exames de perfil lipídico não são rotineiramente realizados durante a gestação. Embora sejam raros, esses casos apresentam um alto risco de complicações, como pancreatite aguda, representando um perigo para a mãe e o feto. Relato de caso: Uma gestante, D.A.D.S., 33 anos, com 31 semanas de idade gestacional, relatou histórico de hipercolesterolemia familiar e não tinha outras comorbidades. Ela procurou o Serviço de Emergência Obstétrica devido a dor intensa na parte superior do abdômen e foi encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI). Seu histórico obstétrico era de G2P1A0. Realizaram-se um ultrassom obstétrico que mostrou oligodramnia moderada e um ultrassom abdominal total que sugeriu hidronefrose bilateral. Exames de sangue foram realizados e a equipe médica foi chamada ao laboratório de análises clínicas devido à aparência incomum do sangue centrifugado, que apresentava uma aparência amanteigada. Com base nesse achado, foi solicitado um perfil lipídico e exames das enzimas pancreáticas, que resultaram em colesterol de 776 mg/dL, triglicerídeos de 4.825 mg/dL, amilase de 227 u/L e lipase de 58,7 u/L. Devido à evolução desfavorável do caso, decidiu-se iniciar corticosteroides para amadurecimento pulmonar do feto e planejar uma cesariana. Durante a cirurgia, foi identificado líquido livre na cavidade abdominal, sugerindo ascite gordurosa, e o sangue tinha uma aparência rosada e viscosa. O recém-nascido nasceu vivo e foi encaminhado para a unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Os níveis de triglicerídeos diminuíram após o parto, chegando a 930 mg/dL. Após 15 dias de internação na UTIN, a paciente recebeu alta para a enfermaria e, posteriormente, alta hospitalar. Infelizmente, o recém-nascido evoluiu para óbito devido à prematuridade após 50 dias de internação hospitalar. Comentários: O perfil lipídico durante a gestação pode sofrer alterações, e em alguns casos, ocorre um aumento acentuado dos níveis séricos, aumentando o risco de pancreatite. A hipertrigliceridemia na gravidez é um desafio para o manejo clínico, pois não há uma terapia eficaz disponível, uma vez que as estatinas não são indicadas para uso durante a gestação.