Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Thamiris dos Santos de Sousa, Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro
{"title":"在过去的20年里,巴西少女怀孕的情况发生了变化","authors":"Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Thamiris dos Santos de Sousa, Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1091","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A gravidez na adolescência é uma problemática que tem sido debatida há anos em nossa sociedade. Sua incidência tem relação direta com as condições socioeconômicas e educacionais dessas meninas, que com frequência estão inseridas em um ciclo vicioso de gerações no mesmo contexto social. Objetivo: Analisar se houve alteração na frequência da raça e estado civil da gestante adolescente entre o ano 2000 e o biênio 2018–2019. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes das faixas etárias de 10 a 14 e de 15 a 19 anos foram comparadas com mães entre 20 e 34 anos. Excluiu-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade ignorada, e calculou-se a frequência da raça e estado civil em cada grupo etário. Resultados: O total de nascidos vivos (NV) de mães adolescentes em 2000 foi 750.537 NV, e a soma dos nascidos entre 2018–2019 foi de 875.380, o que mostra redução da prevalência de partos de adolescentes de 23,4% em 2000 para 15,1% em 2018–2019. Em 2000, a raça negra representou 51% das gestantes de 10 a 14 anos, 47,2% entre 15 e 19 anos e 41,6% de 20 a 34 anos. No biênio 2018–2019, esses números foram, respectivamente, 77,4, 74,1 e 63,4%. Percebe-se que a gravidez na raça negra apresentou aumento de 51,8, 57 e 52,4%, respectivamente. Em relação à avaliação do estado civil, constatou-se que no ano 2000 as gestantes que já viveram ou vivem maritalmente representaram 34,1% das gestantes de 10 a 14 anos, 48,6% entre 15 e 19 anos e 68,9% de 20 a 34 anos. No biênio 2018–2019, esses números representaram, respectivamente, 19,3, 38,9 e 56,9%. Nota-se diminuição das gestantes casadas de 43,4, 20 e 17,4%, respectivamente, entre as idades. Conclusão: A frequência da gestação na adolescência mostrou redução nos últimos 20 anos. A raça negra predomina entre as gestantes adolescentes de raça negra e mostra aumento significativo de sua proporção nos anos 2018 e 2019. Essa tendência de aumento pode estar ocorrendo não só pelo fato de a maioria da população ser negra, mas também porque, com o passar dos anos, houve aumento da noção de pertencimento do movimento negro, ocasionando maior quantidade de meninas se autodeclarando negras. 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Mudança do perfil da gestante adolescente nos últimos 20 anos no Brasil
Introdução: A gravidez na adolescência é uma problemática que tem sido debatida há anos em nossa sociedade. Sua incidência tem relação direta com as condições socioeconômicas e educacionais dessas meninas, que com frequência estão inseridas em um ciclo vicioso de gerações no mesmo contexto social. Objetivo: Analisar se houve alteração na frequência da raça e estado civil da gestante adolescente entre o ano 2000 e o biênio 2018–2019. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes das faixas etárias de 10 a 14 e de 15 a 19 anos foram comparadas com mães entre 20 e 34 anos. Excluiu-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade ignorada, e calculou-se a frequência da raça e estado civil em cada grupo etário. Resultados: O total de nascidos vivos (NV) de mães adolescentes em 2000 foi 750.537 NV, e a soma dos nascidos entre 2018–2019 foi de 875.380, o que mostra redução da prevalência de partos de adolescentes de 23,4% em 2000 para 15,1% em 2018–2019. Em 2000, a raça negra representou 51% das gestantes de 10 a 14 anos, 47,2% entre 15 e 19 anos e 41,6% de 20 a 34 anos. No biênio 2018–2019, esses números foram, respectivamente, 77,4, 74,1 e 63,4%. Percebe-se que a gravidez na raça negra apresentou aumento de 51,8, 57 e 52,4%, respectivamente. Em relação à avaliação do estado civil, constatou-se que no ano 2000 as gestantes que já viveram ou vivem maritalmente representaram 34,1% das gestantes de 10 a 14 anos, 48,6% entre 15 e 19 anos e 68,9% de 20 a 34 anos. No biênio 2018–2019, esses números representaram, respectivamente, 19,3, 38,9 e 56,9%. Nota-se diminuição das gestantes casadas de 43,4, 20 e 17,4%, respectivamente, entre as idades. Conclusão: A frequência da gestação na adolescência mostrou redução nos últimos 20 anos. A raça negra predomina entre as gestantes adolescentes de raça negra e mostra aumento significativo de sua proporção nos anos 2018 e 2019. Essa tendência de aumento pode estar ocorrendo não só pelo fato de a maioria da população ser negra, mas também porque, com o passar dos anos, houve aumento da noção de pertencimento do movimento negro, ocasionando maior quantidade de meninas se autodeclarando negras. Com relação à avaliação do estado civil, percebe-se aumento do número de gestantes solteiras em todos os grupos.