{"title":"有围产期心肌病病史并在晚期心力衰竭情况恶化的孕妇的临床管理:病例报告","authors":"Gabriela Oliveira de Menezes, Isabela Carmona Castro Rodriguez, Aline Silva Izzo","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1082","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: As cardiopatias afetam cerca de 0,3 a 4% das gestações em países desenvolvidos. No Brasil, a incidência chega a 4,2% em centros de referência, sendo identificadas como as principais causas indiretas de mortalidade materna. A estenose mitral de origem reumática é a cardiopatia mais frequente no território brasileiro, enquanto nos EUA a cardiopatia congênita é a mais incidente. Quanto à miocardiopatia periparto, trata-se de uma forma de insuficiência cardíaca (IC) sistólica com redução da fração de ejeção (FE) do ventrículo esquerdo, que afeta mulheres durante a gravidez ou no período pós-parto inicial. Esse diagnóstico é de exclusão e muitos dos achados da doença podem ser compatíveis com sinais e sintomas do final da gestação e do período periparto. Isso pode explicar uma incidência real desconhecida da doença, devido a provável subdiagnóstico. A via de parto e o momento do parto devem ser avaliados em conjunto com a Cardiologia, mas, em pacientes compensadas, não é necessária a antecipação do parto. Relato de caso: M.J.S., 38 anos, multípara, com 2 partos normais e 2 partos cesáreas prévios, está atualmente com 36 semanas e 5 dias de gestação. A paciente procurou atendimento de emergência queixando-se de edema de membros inferiores e dispneia. Ela realizou pré-natal de alto risco devido à IC com FE reduzida há três anos. Relata que, no puerpério tardio da gestação anterior, foi diagnosticada com miocardiopatia periparto. Durante esta gestação, ela fez uso de ácido acetilsalicílico (AAS), furosemida e bisoprolol. No ecocardiograma transtorácico (ECOTT) realizado 2 meses antes da consulta atual, a paciente apresentava uma FE de 47%, disfunção sistólica global leve do ventrículo esquerdo e hipocinesia difusa. Após a avaliação do exame físico, a paciente foi internada para vigilância clínica e foi realizado um novo ECOTT, que demonstrou agravamento da doença de base com refluxo mitral grave. Durante a internação, houve uma piora progressiva dos sintomas de congestão, apesar do aumento das doses da medicação diurética e do beta bloqueador. Após discussão conjunta com a Cardiologia, indicou-se a realização de cesariana a termo, com 38 semanas. O puerpério transcorreu fisiologicamente, com observação intensiva na Unidade Coronariana. A paciente apresentou melhora da queixa de dispneia e edema de membros inferiores após o parto e segue sob os cuidados da Cardiologia em acompanhamento ambulatorial. Comentário: A miocardiopatia periparto é um importante diagnóstico a ser considerado na avaliação de pacientes grávidas. No caso relatado, é possível observar a importância do acompanhamento multidisciplinar e individualizado da paciente cardiopata. 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Manejo clínico de gestante com história de miocardiopatia periparto evoluindo com piora do quadro de insuficiência cardíaca no terceiro trimestre: relato de caso
Introdução: As cardiopatias afetam cerca de 0,3 a 4% das gestações em países desenvolvidos. No Brasil, a incidência chega a 4,2% em centros de referência, sendo identificadas como as principais causas indiretas de mortalidade materna. A estenose mitral de origem reumática é a cardiopatia mais frequente no território brasileiro, enquanto nos EUA a cardiopatia congênita é a mais incidente. Quanto à miocardiopatia periparto, trata-se de uma forma de insuficiência cardíaca (IC) sistólica com redução da fração de ejeção (FE) do ventrículo esquerdo, que afeta mulheres durante a gravidez ou no período pós-parto inicial. Esse diagnóstico é de exclusão e muitos dos achados da doença podem ser compatíveis com sinais e sintomas do final da gestação e do período periparto. Isso pode explicar uma incidência real desconhecida da doença, devido a provável subdiagnóstico. A via de parto e o momento do parto devem ser avaliados em conjunto com a Cardiologia, mas, em pacientes compensadas, não é necessária a antecipação do parto. Relato de caso: M.J.S., 38 anos, multípara, com 2 partos normais e 2 partos cesáreas prévios, está atualmente com 36 semanas e 5 dias de gestação. A paciente procurou atendimento de emergência queixando-se de edema de membros inferiores e dispneia. Ela realizou pré-natal de alto risco devido à IC com FE reduzida há três anos. Relata que, no puerpério tardio da gestação anterior, foi diagnosticada com miocardiopatia periparto. Durante esta gestação, ela fez uso de ácido acetilsalicílico (AAS), furosemida e bisoprolol. No ecocardiograma transtorácico (ECOTT) realizado 2 meses antes da consulta atual, a paciente apresentava uma FE de 47%, disfunção sistólica global leve do ventrículo esquerdo e hipocinesia difusa. Após a avaliação do exame físico, a paciente foi internada para vigilância clínica e foi realizado um novo ECOTT, que demonstrou agravamento da doença de base com refluxo mitral grave. Durante a internação, houve uma piora progressiva dos sintomas de congestão, apesar do aumento das doses da medicação diurética e do beta bloqueador. Após discussão conjunta com a Cardiologia, indicou-se a realização de cesariana a termo, com 38 semanas. O puerpério transcorreu fisiologicamente, com observação intensiva na Unidade Coronariana. A paciente apresentou melhora da queixa de dispneia e edema de membros inferiores após o parto e segue sob os cuidados da Cardiologia em acompanhamento ambulatorial. Comentário: A miocardiopatia periparto é um importante diagnóstico a ser considerado na avaliação de pacientes grávidas. No caso relatado, é possível observar a importância do acompanhamento multidisciplinar e individualizado da paciente cardiopata. Mulheres compensadas durante a gestação podem apresentar uma piora do quadro clínico da patologia de base, principalmente durante o terceiro trimestre.