Alberto Alves Borges, Victoria Maranhão de Brito, Heloísa Nogueira Saud
{"title":"胎盘吸积症早期诊断的重要性:一个病例报告","authors":"Alberto Alves Borges, Victoria Maranhão de Brito, Heloísa Nogueira Saud","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1077","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Acretismo placentário (AP) é definido histopatologicamente pela ausência parcial ou completa da decídua basal, contribuindo para a invasão agressiva do trofoblasto no miométrio, cuja classificação é baseada na profundidade de invasão. A placenta acreta adere ao miométrio, a increta invade o miométrio e a percreta perfura o peritônio, alcançando, por vezes, órgãos vizinhos. Os principais fatores de risco que englobam a patologia são história de cesariana, placenta prévia, idade acima de 35 anos, tabagismo e cirurgias uterinas anteriores. O diagnóstico é confirmado pela ausência de dequitação placentária após o nascimento do feto, com presença de vilosidades placentárias invadindo o miométrio. Um diagnóstico pré-natal precoce permite avaliar possibilidades terapêuticas a fim de reduzir a morbimortalidade. Os exames de imagem são importantes na avaliação pré-natal de risco. Recomenda-se a realização de ultrassonografia (USG) pélvica e transvaginal para avaliação da interface entre placenta e miométrio no período de 18 a 24 semanas de gestação e, em casos de dúvida, solicita-se ressonância magnética. O objetivo deste estudo é apresentar um caso de AP e correlacionar a importância de um bom pré-natal para o diagnóstico precoce, a fim de reduzir as taxas de morbimortalidade materno-fetal associadas. Paciente de 25 anos, G3P2, IG: 41 semanas, foi admitida no setor de emergência devido à interatividade e pós-termo. À admissão, referia contrações esparsas e negava qualquer outra comorbidade. Solicitou-se USG com Doppler, constatando placenta corporal anterior grau II, líquido amniótico normal e Doppler de artéria umbilical conforme os parâmetros para IG. Realizou-se cesariana com diagnóstico intraoperatório de AP (laudo histopatológico em andamento), evoluindo ainda durante o ato cirúrgico com hipotonia uterina e sangramento intenso que levaram à hipotensão arterial e sinais de choque hipovolêmico, sendo optada a realização de histerectomia abdominal subtotal. O recém-nascido apresentou índices de Apgar de 6 e 8, pesando 3.445 g, sendo encaminhado para a unidade de terapia intensiva pediátrica devido ao desconforto respiratório, onde permaneceu por 11 dias. A paciente realizou 7 consultas de pré-natal, sem intercorrências. O hematócrito pré-operatório foi de 30,3%, e o hematócrito imediato pós-operatório foi de 15%, sendo infundidas 2 unidades de concentrados de hemácias com aumento do hematócrito para 22%. O rastreamento do AP deve ser feito rotineiramente em pacientes com tais fatores de risco, de modo que seja feita a orientação adequada à paciente e que possa ser traçado um plano de parto com montagem de equipe multidisciplinar competente para o manejo do caso. Vale ressaltar que pacientes com diagnóstico pré-natal de AP sofrem menor perda de sangue e têm menor necessidade de transfusão do que aquelas com diagnóstico intraoperatório. Sendo assim, destaca-se a necessidade de uma condução adequada durante as consultas de pré-natal, visando a um diagnóstico precoce que permita um planejamento adequado do parto, reduzindo, assim, as taxas de morbimortalidade materno-fetal.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"117 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Importância do diagnóstico precoce no acretismo placentário: um relato de caso\",\"authors\":\"Alberto Alves Borges, Victoria Maranhão de Brito, Heloísa Nogueira Saud\",\"doi\":\"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1077\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Acretismo placentário (AP) é definido histopatologicamente pela ausência parcial ou completa da decídua basal, contribuindo para a invasão agressiva do trofoblasto no miométrio, cuja classificação é baseada na profundidade de invasão. 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Importância do diagnóstico precoce no acretismo placentário: um relato de caso
Acretismo placentário (AP) é definido histopatologicamente pela ausência parcial ou completa da decídua basal, contribuindo para a invasão agressiva do trofoblasto no miométrio, cuja classificação é baseada na profundidade de invasão. A placenta acreta adere ao miométrio, a increta invade o miométrio e a percreta perfura o peritônio, alcançando, por vezes, órgãos vizinhos. Os principais fatores de risco que englobam a patologia são história de cesariana, placenta prévia, idade acima de 35 anos, tabagismo e cirurgias uterinas anteriores. O diagnóstico é confirmado pela ausência de dequitação placentária após o nascimento do feto, com presença de vilosidades placentárias invadindo o miométrio. Um diagnóstico pré-natal precoce permite avaliar possibilidades terapêuticas a fim de reduzir a morbimortalidade. Os exames de imagem são importantes na avaliação pré-natal de risco. Recomenda-se a realização de ultrassonografia (USG) pélvica e transvaginal para avaliação da interface entre placenta e miométrio no período de 18 a 24 semanas de gestação e, em casos de dúvida, solicita-se ressonância magnética. O objetivo deste estudo é apresentar um caso de AP e correlacionar a importância de um bom pré-natal para o diagnóstico precoce, a fim de reduzir as taxas de morbimortalidade materno-fetal associadas. Paciente de 25 anos, G3P2, IG: 41 semanas, foi admitida no setor de emergência devido à interatividade e pós-termo. À admissão, referia contrações esparsas e negava qualquer outra comorbidade. Solicitou-se USG com Doppler, constatando placenta corporal anterior grau II, líquido amniótico normal e Doppler de artéria umbilical conforme os parâmetros para IG. Realizou-se cesariana com diagnóstico intraoperatório de AP (laudo histopatológico em andamento), evoluindo ainda durante o ato cirúrgico com hipotonia uterina e sangramento intenso que levaram à hipotensão arterial e sinais de choque hipovolêmico, sendo optada a realização de histerectomia abdominal subtotal. O recém-nascido apresentou índices de Apgar de 6 e 8, pesando 3.445 g, sendo encaminhado para a unidade de terapia intensiva pediátrica devido ao desconforto respiratório, onde permaneceu por 11 dias. A paciente realizou 7 consultas de pré-natal, sem intercorrências. O hematócrito pré-operatório foi de 30,3%, e o hematócrito imediato pós-operatório foi de 15%, sendo infundidas 2 unidades de concentrados de hemácias com aumento do hematócrito para 22%. O rastreamento do AP deve ser feito rotineiramente em pacientes com tais fatores de risco, de modo que seja feita a orientação adequada à paciente e que possa ser traçado um plano de parto com montagem de equipe multidisciplinar competente para o manejo do caso. Vale ressaltar que pacientes com diagnóstico pré-natal de AP sofrem menor perda de sangue e têm menor necessidade de transfusão do que aquelas com diagnóstico intraoperatório. Sendo assim, destaca-se a necessidade de uma condução adequada durante as consultas de pré-natal, visando a um diagnóstico precoce que permita um planejamento adequado do parto, reduzindo, assim, as taxas de morbimortalidade materno-fetal.