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A partir da noção de “literatura empenhada”, apresentada por Antonio Candido em Formação da Literatura Brasileira, publicado em 1959, para traduzir o espírito de “missão” que figurou no trabalho artístico dos escritores árcades e românticos que intentavam construir uma identidade nacional e uma cultura brasileira válida, este artigo tem como objetivo analisar de que maneira esse caráter “empenhado” ainda está presente na literatura brasileira contemporânea. Neste cenário, observa-se que o caráter “empenhado” não apenas persiste, como também parece ter sofrido uma reconfiguração, uma reinvenção – agora não mais com o anseio de “construir uma nação”, mas se estabelecendo por meio do deslocamento de modelos hegemônicos, da legitimação de vozes subalternizadas e do reconhecimento da necessidade de produção de outras perspectivas, constituindo, muitas vezes como potência (ins)urgente – que questiona os problemas, abjeções e os espaços políticos e sociais por meio de obras literárias que buscam ressignificar vozes historicamente subalternizadas, estabelecendo uma empenhada resistência.