Juliana Santos Teles, Josefa Rayane Santos Silveira, Renato Brito dos Santos Júnior, Íris Tarciana de Freitas Cunha, Tássia Nayane Vieira dos Santos, Maria Clara Menezes Nocrato Prado, Guilherme Reis de Santana Santos, Tatiana Rodrigues de Moura, Shirley Veronica Melo Almeida Lima, Allan Dantas dos Santos, Caíque Jordan Nunes Ribeiro
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Diante disso, este trabalho teve como objetivo analisar a dinâmica espacial da notificação de casos novos LV no Brasil em 2020, no contexto da pandemia da covid-19. Trata-se de um estudo ecológico de série temporal que utilizou análise espacial, cujas unidades de análise foram os 5.570 municípios brasileiros e a população os casos novos de LV registrados entre 2015 e 2020 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). O p-score foi calculado para estimar a variação percentual dos registros de casos novos de LV. Os índices de Moran global e local univariados foram utilizados na análise espacial para a identificação de padrões espaciais por meio da aglomeração de municípios com taxas semelhantes. No Brasil, entre 2010 e 2019, a incidência de LV apresentou progressiva redução. Além disso, a análise da distribuição mensal dos casos novos de LV por estado no ano de 2020 mostrou que a maioria dos estados vinham sofrendo redução na incidência da doença. No entanto, a partir de maio, tal redução se tornou acentuada em diversos estados, especialmente na região Nordeste e Sudeste. Ademais, o índice de Moran global univariado foi utilizado na análise da autocorrelação espacial, a qual evidenciou a existência de dependência espacial na ocorrência de novos casos de LV, tanto no período de 2015-2019 (I = 0,491; p < 0,001), quanto no ano de 2020 (I = 0,031; p = 0,009). A distribuição da LV no Brasil mostrou-se dependente do território analisado, formando clusters espaciais de alto risco compostos por municípios da região Nordeste, Norte e Centro-oeste. Entretanto, embora as reduções expressivas na detecção dos casos de LV possam parecer um bom cenário, são uma preocupação importante para a saúde pública, pois a sobreposição geográfica entre covid-19 e LV e a sobrecarga do sistema de notificações podem ter contribuído para a diminuição dos registros. 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ANÁLISE ESPACIAL DA REDUÇÃO DE CASOS NOVOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL NO PRIMEIRO ANO DA PANDEMIA DE COVID-19
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença tropical negligenciada e potencialmente letal. Ao considerar que o Brasil é responsável pela notificação de mais de 90% dos casos da América Latina, a vigilância epidemiológica possibilita a caracterização espacial, sazonal e cíclica dos novos casos. Como a covid-19 demandou a reorganização dos sistemas de saúde, hipotetizamos que houve redução da notificação de casos de LV na pandemia. Diante disso, este trabalho teve como objetivo analisar a dinâmica espacial da notificação de casos novos LV no Brasil em 2020, no contexto da pandemia da covid-19. Trata-se de um estudo ecológico de série temporal que utilizou análise espacial, cujas unidades de análise foram os 5.570 municípios brasileiros e a população os casos novos de LV registrados entre 2015 e 2020 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). O p-score foi calculado para estimar a variação percentual dos registros de casos novos de LV. Os índices de Moran global e local univariados foram utilizados na análise espacial para a identificação de padrões espaciais por meio da aglomeração de municípios com taxas semelhantes. No Brasil, entre 2010 e 2019, a incidência de LV apresentou progressiva redução. Além disso, a análise da distribuição mensal dos casos novos de LV por estado no ano de 2020 mostrou que a maioria dos estados vinham sofrendo redução na incidência da doença. No entanto, a partir de maio, tal redução se tornou acentuada em diversos estados, especialmente na região Nordeste e Sudeste. Ademais, o índice de Moran global univariado foi utilizado na análise da autocorrelação espacial, a qual evidenciou a existência de dependência espacial na ocorrência de novos casos de LV, tanto no período de 2015-2019 (I = 0,491; p < 0,001), quanto no ano de 2020 (I = 0,031; p = 0,009). A distribuição da LV no Brasil mostrou-se dependente do território analisado, formando clusters espaciais de alto risco compostos por municípios da região Nordeste, Norte e Centro-oeste. Entretanto, embora as reduções expressivas na detecção dos casos de LV possam parecer um bom cenário, são uma preocupação importante para a saúde pública, pois a sobreposição geográfica entre covid-19 e LV e a sobrecarga do sistema de notificações podem ter contribuído para a diminuição dos registros. Sendo assim, a redução significativa na incidência de LV em 2020 deve alertar para o fortalecimento do sistema de vigilância epidemiológica.