Brener Rafael Nascimento, Elízia Carolline Rodrigues Araujo, Jairo Martínez Zapata, Manuel Renato Retamozo Palacios
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VMSC, 23 anos, masculino, desempregado, admitido no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) em 19/05/2023, relatando artralgia em joelhos e mãos com rigidez matinal há 3 anos, além de perda progressiva de pelos (madarose) e dor nos pés bilateralmente, com piora no último mês. Há mais de um ano, iniciou corticoterapia em altas doses por conta própria, o que proporcionou alívio parcial da dor. Mencionou ter episódios frequentes de epistaxe e rinite alérgica, que resultaram em perfuração do septo nasal confirmada por videoendoscopia nasal. Há um ano, o paciente procurou atendimento médico devido a manchas hipercrômicas na pele com aumento de VHS e PCR. O exame de FAN revelou um padrão nuclear pontilhado fino 1/320, enquanto o fator reumatoide foi negativo. A dose de corticoterapia foi reduzida, e o paciente iniciou o uso de hidroxicloroquina, metotrexato e ácido fólico. No momento da admissão, estava em uso de cadeira de rodas, com dificuldade de locomoção devido à piora da dor. Apresentava febre há 4 dias, deformidades faciais, mão em garra, hiperemia, calor local e edema nos pés, além de perda da sensibilidade protetora e lesões cutâneas difusas com perda da sensibilidade local. Realizou eletroneuromiografia que indicava uma neuropatia focal desmielinizante no nervo ulnar direito. Com base nesses achados, foi diagnosticado com hanseníase virchowiana multibacilar e estado reacional hansênico tipo I. As medicações prévias foram suspensas; baciloscopia foi realizada em esfregaço de raspado intradérmico, que posteriormente se mostrou positiva. O tratamento foi iniciado com poliquimioterapia com previsão de 12 meses. Além disso, foi prescrita prednisona em desmame progressivo. Recebeu alta em 12/06/23, conseguindo se locomover sem auxílio e com melhora das dores. É importante ressaltar que a dificuldade no diagnóstico e o atraso no início do tratamento podem levar a sequelas graves. Portanto, a hanseníase não deve ser negligenciada, especialmente em áreas endêmicas.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"REAÇÃO HANSÊNICA TIPO I EM PACIENTE JOVEM: RELATO DE CASO.\",\"authors\":\"Brener Rafael Nascimento, Elízia Carolline Rodrigues Araujo, Jairo Martínez Zapata, Manuel Renato Retamozo Palacios\",\"doi\":\"10.1016/j.bjid.2023.103653\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente que se multiplica lentamente. 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REAÇÃO HANSÊNICA TIPO I EM PACIENTE JOVEM: RELATO DE CASO.
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente que se multiplica lentamente. Indivíduos não tratados com alta carga bacteriana são a principal fonte de infecção, eliminando o bacilo pelas vias aéreas superiores e servindo como porta de entrada para o patógeno. A transmissão ocorre por meio do contato direto de pessoa para pessoa, sendo facilitada pelo convívio próximo de pessoas doentes não tratadas com indivíduos susceptíveis. VMSC, 23 anos, masculino, desempregado, admitido no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) em 19/05/2023, relatando artralgia em joelhos e mãos com rigidez matinal há 3 anos, além de perda progressiva de pelos (madarose) e dor nos pés bilateralmente, com piora no último mês. Há mais de um ano, iniciou corticoterapia em altas doses por conta própria, o que proporcionou alívio parcial da dor. Mencionou ter episódios frequentes de epistaxe e rinite alérgica, que resultaram em perfuração do septo nasal confirmada por videoendoscopia nasal. Há um ano, o paciente procurou atendimento médico devido a manchas hipercrômicas na pele com aumento de VHS e PCR. O exame de FAN revelou um padrão nuclear pontilhado fino 1/320, enquanto o fator reumatoide foi negativo. A dose de corticoterapia foi reduzida, e o paciente iniciou o uso de hidroxicloroquina, metotrexato e ácido fólico. No momento da admissão, estava em uso de cadeira de rodas, com dificuldade de locomoção devido à piora da dor. Apresentava febre há 4 dias, deformidades faciais, mão em garra, hiperemia, calor local e edema nos pés, além de perda da sensibilidade protetora e lesões cutâneas difusas com perda da sensibilidade local. Realizou eletroneuromiografia que indicava uma neuropatia focal desmielinizante no nervo ulnar direito. Com base nesses achados, foi diagnosticado com hanseníase virchowiana multibacilar e estado reacional hansênico tipo I. As medicações prévias foram suspensas; baciloscopia foi realizada em esfregaço de raspado intradérmico, que posteriormente se mostrou positiva. O tratamento foi iniciado com poliquimioterapia com previsão de 12 meses. Além disso, foi prescrita prednisona em desmame progressivo. Recebeu alta em 12/06/23, conseguindo se locomover sem auxílio e com melhora das dores. É importante ressaltar que a dificuldade no diagnóstico e o atraso no início do tratamento podem levar a sequelas graves. Portanto, a hanseníase não deve ser negligenciada, especialmente em áreas endêmicas.