{"title":"Mário Juruna:\"巴西政府不敢让我走\"。土著人 Xavante 参与 1980 年第四罗素法庭的政治和法律战略","authors":"Michelle Reis de Macedo","doi":"10.5965/2175180315402023e0104","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Liderança de destaque do movimento indígena nas décadas de 1970 e 1980, o Xavante Mário Juruna foi convidado para representar os povos originários no IV Tribunal Russell, realizado na Holanda em 1980, cuja finalidade era denunciar e julgar crimes cometidos contra os povos indígenas nas Américas. Baseando-se no regime de tutela, a Funai e o Ministro do Interior Mário Andreazza negaram autorização para a saída de Juruna do país, alegando sua incapacidade de representar o Brasil naquele evento. Crítico frequente da política indigenista na Ditadura Civil-Militar brasileira, Mário Juruna não mediu esforços para enfrentar a decisão e entrou com um mandado de segurança no Tribunal Federal de Recursos contra o ato do Executivo. A partir desse episódio histórico, neste artigo, analisamos os argumentos e as atitudes de autoridades na Ditadura baseados no poder tutelar que reforça a tese da colonialidade como aspecto estruturante das relações políticas e sociais no Brasil em fins do século XX. Porém, mais do que isso, destacamos o protagonismo da liderança Xavante Mário Juruna nos embates políticos contra o governo brasileiro a fim de contribuir para a compreensão diacrônica das mobilizações históricas dos povos originários no Brasil por reconhecimento e autonomia.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"193 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-12-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Mário Juruna: “o Governo Brasileiro tem medo de me deixar ir”. As estratégias político-jurídicas do indígena Xavante para participar do IV Tribunal Russell em 1980\",\"authors\":\"Michelle Reis de Macedo\",\"doi\":\"10.5965/2175180315402023e0104\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Liderança de destaque do movimento indígena nas décadas de 1970 e 1980, o Xavante Mário Juruna foi convidado para representar os povos originários no IV Tribunal Russell, realizado na Holanda em 1980, cuja finalidade era denunciar e julgar crimes cometidos contra os povos indígenas nas Américas. Baseando-se no regime de tutela, a Funai e o Ministro do Interior Mário Andreazza negaram autorização para a saída de Juruna do país, alegando sua incapacidade de representar o Brasil naquele evento. Crítico frequente da política indigenista na Ditadura Civil-Militar brasileira, Mário Juruna não mediu esforços para enfrentar a decisão e entrou com um mandado de segurança no Tribunal Federal de Recursos contra o ato do Executivo. A partir desse episódio histórico, neste artigo, analisamos os argumentos e as atitudes de autoridades na Ditadura baseados no poder tutelar que reforça a tese da colonialidade como aspecto estruturante das relações políticas e sociais no Brasil em fins do século XX. Porém, mais do que isso, destacamos o protagonismo da liderança Xavante Mário Juruna nos embates políticos contra o governo brasileiro a fim de contribuir para a compreensão diacrônica das mobilizações históricas dos povos originários no Brasil por reconhecimento e autonomia.\",\"PeriodicalId\":21251,\"journal\":{\"name\":\"Revista Tempo e Argumento\",\"volume\":\"193 3\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-12-29\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Tempo e Argumento\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.5965/2175180315402023e0104\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Tempo e Argumento","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5965/2175180315402023e0104","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Mário Juruna: “o Governo Brasileiro tem medo de me deixar ir”. As estratégias político-jurídicas do indígena Xavante para participar do IV Tribunal Russell em 1980
Liderança de destaque do movimento indígena nas décadas de 1970 e 1980, o Xavante Mário Juruna foi convidado para representar os povos originários no IV Tribunal Russell, realizado na Holanda em 1980, cuja finalidade era denunciar e julgar crimes cometidos contra os povos indígenas nas Américas. Baseando-se no regime de tutela, a Funai e o Ministro do Interior Mário Andreazza negaram autorização para a saída de Juruna do país, alegando sua incapacidade de representar o Brasil naquele evento. Crítico frequente da política indigenista na Ditadura Civil-Militar brasileira, Mário Juruna não mediu esforços para enfrentar a decisão e entrou com um mandado de segurança no Tribunal Federal de Recursos contra o ato do Executivo. A partir desse episódio histórico, neste artigo, analisamos os argumentos e as atitudes de autoridades na Ditadura baseados no poder tutelar que reforça a tese da colonialidade como aspecto estruturante das relações políticas e sociais no Brasil em fins do século XX. Porém, mais do que isso, destacamos o protagonismo da liderança Xavante Mário Juruna nos embates políticos contra o governo brasileiro a fim de contribuir para a compreensão diacrônica das mobilizações históricas dos povos originários no Brasil por reconhecimento e autonomia.