O negro no mundo dos brancos: Revisitando Florestan Fernandes

Os resquícios do velho sistema senhorial baseado na degradação do trabalho escravo, assim como o impulso da chegada de estrangeiros europeus em busca de oportunidades no trabalho rural e em atividades urbanas, acentuam uma dinâmica social perversa cuja principal característica configura-se no fato de a população negra ser preterida da integração ao sistema competitivo capitalista em desenvolvimento no Brasil entre final do século XIX e início do século XX. Este é o cenário sociológico traçado por Florestan Fernandes ao analisar o Brasil pós-abolição (em particular a cidade de São Paulo), cuja contribuição para o entendimento do “Brasil contemporâneo” continua inegável quando se considera que a questão da escravidão é um ponto central para se entender a sociedade brasileira atual.