Bernardo Jorge Rodrigues Marques, Carla Alexandra Gama Carrilho da Costa Sousa, Luzia Augusta Pires Gonçalves, Rosa Maria Figueiredo Teodósio
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Em Portugal, mosquitos do género Aedes aegypti estão estabelecidos na Ilha da Madeira, tendo ocorrido em 2012 o primeiro surto de febre de dengue (DENV-1) nesta região, com 1084 casos confirmados laboratorialmente.</div></div><div><h3>Objetivos do estudo</h3><div>Caracterizar opiniões e atitudes da população madeirense face à utilização de mosquitos geneticamente modificados (MGM) como estratégia de controlo vetorial.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Foi aplicado um questionário a adultos residentes nas freguesias com cota abaixo dos 200 metros do município do Funchal, Região Autónoma da Madeira (S.Martinho, Stª Maria Maior, Sé, S.Pedro, Stª Luzia, Imaculado Coração de Maria) em março-abril 2019. Selecionaram-se aleatoriamente as residências para aplicação do questionário; em cada residência foi selecionado aleatoriamente um indivíduo; utilizou-se uma amostragem estratificada por sexo. Os participantes indicaram o seu grau de concordância com afirmações existentes no questionário.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Participaram no estudo 1270 indivíduos, idade média 53,5 anos, 44,6% do género masculino, 52,4% com ≥ 12 anos de escolaridade. Concordância com as afirmações: “Se libertassem MGM na minha rua, sentiria receio” concordam (C) 58,8%, discordam (D) 16,8, indiferente (I) 8%; “O medo dos efeitos da utilização dos MGM faz com que prefira técnicas tradicionais” C 46,8%, D 20,5%, I 13,4%; “os MGM devem ser rejeitados por não serem naturais” C 33,7%, D 29,6%, I 11,9%; “Como a maioria dos casos de dengue não são graves devemos continuar a utilizar estratégias tradicionais” C 47,9%, D 30,5%, I 8,3%. As mulheres (p = 0,017) e os menos letrados (p < 0,001) mostram mais receio da utilização de MGM. A análise conjunta das 4 questões indica que 37% têm atitude anti-MGM, 17% são moderadamente contra MGM, 7% mostra atitude moderadamente favorável, 16% são totalmente a favor, 23% têm atitude indiferente/indefinida. 53/151 respondentes (35,1%) consideravam que após libertação de MGM a população pode sentir-se mais incomodada/picada.</div></div><div><h3>Conclusões</h3><div>Mais de metade dos participantes no estudo encontra-se no espetro anti-MGM e 1/4 tem uma atitude indefinida quanto à utilização de MGM para controlo de vetores. Se no futuro se optar por esta estratégia de controlo de vetores na Madeira há que compreender os motivos geradores desta atitude de oposição e desenvolver ações educativas abrangentes.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Dengue, Ilha da Madeira, Controlo Vetorial, Atitudes.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Sem qualquer conflito de interesses para nenhum dos autores.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Sem qualquer conflito de interesses para nenhum dos autores.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104446"},"PeriodicalIF":3.0000,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"MOSQUITOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: OPINIÕES E ATITUDES NA POPULAÇÃO DA ILHA DA MADEIRA APÓS SURTO DE DENGUE\",\"authors\":\"Bernardo Jorge Rodrigues Marques, Carla Alexandra Gama Carrilho da Costa Sousa, Luzia Augusta Pires Gonçalves, Rosa Maria Figueiredo Teodósio\",\"doi\":\"10.1016/j.bjid.2024.104446\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"<div><h3>Introdução</h3><div>A mobilização e participação da comunidade é fundamental em programas de prevenção/controlo de doenças transmitidas por vetores. 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Os participantes indicaram o seu grau de concordância com afirmações existentes no questionário.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Participaram no estudo 1270 indivíduos, idade média 53,5 anos, 44,6% do género masculino, 52,4% com ≥ 12 anos de escolaridade. Concordância com as afirmações: “Se libertassem MGM na minha rua, sentiria receio” concordam (C) 58,8%, discordam (D) 16,8, indiferente (I) 8%; “O medo dos efeitos da utilização dos MGM faz com que prefira técnicas tradicionais” C 46,8%, D 20,5%, I 13,4%; “os MGM devem ser rejeitados por não serem naturais” C 33,7%, D 29,6%, I 11,9%; “Como a maioria dos casos de dengue não são graves devemos continuar a utilizar estratégias tradicionais” C 47,9%, D 30,5%, I 8,3%. As mulheres (p = 0,017) e os menos letrados (p < 0,001) mostram mais receio da utilização de MGM. 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MOSQUITOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: OPINIÕES E ATITUDES NA POPULAÇÃO DA ILHA DA MADEIRA APÓS SURTO DE DENGUE
Introdução
A mobilização e participação da comunidade é fundamental em programas de prevenção/controlo de doenças transmitidas por vetores. Em Portugal, mosquitos do género Aedes aegypti estão estabelecidos na Ilha da Madeira, tendo ocorrido em 2012 o primeiro surto de febre de dengue (DENV-1) nesta região, com 1084 casos confirmados laboratorialmente.
Objetivos do estudo
Caracterizar opiniões e atitudes da população madeirense face à utilização de mosquitos geneticamente modificados (MGM) como estratégia de controlo vetorial.
Materiais e métodos
Foi aplicado um questionário a adultos residentes nas freguesias com cota abaixo dos 200 metros do município do Funchal, Região Autónoma da Madeira (S.Martinho, Stª Maria Maior, Sé, S.Pedro, Stª Luzia, Imaculado Coração de Maria) em março-abril 2019. Selecionaram-se aleatoriamente as residências para aplicação do questionário; em cada residência foi selecionado aleatoriamente um indivíduo; utilizou-se uma amostragem estratificada por sexo. Os participantes indicaram o seu grau de concordância com afirmações existentes no questionário.
Resultados
Participaram no estudo 1270 indivíduos, idade média 53,5 anos, 44,6% do género masculino, 52,4% com ≥ 12 anos de escolaridade. Concordância com as afirmações: “Se libertassem MGM na minha rua, sentiria receio” concordam (C) 58,8%, discordam (D) 16,8, indiferente (I) 8%; “O medo dos efeitos da utilização dos MGM faz com que prefira técnicas tradicionais” C 46,8%, D 20,5%, I 13,4%; “os MGM devem ser rejeitados por não serem naturais” C 33,7%, D 29,6%, I 11,9%; “Como a maioria dos casos de dengue não são graves devemos continuar a utilizar estratégias tradicionais” C 47,9%, D 30,5%, I 8,3%. As mulheres (p = 0,017) e os menos letrados (p < 0,001) mostram mais receio da utilização de MGM. A análise conjunta das 4 questões indica que 37% têm atitude anti-MGM, 17% são moderadamente contra MGM, 7% mostra atitude moderadamente favorável, 16% são totalmente a favor, 23% têm atitude indiferente/indefinida. 53/151 respondentes (35,1%) consideravam que após libertação de MGM a população pode sentir-se mais incomodada/picada.
Conclusões
Mais de metade dos participantes no estudo encontra-se no espetro anti-MGM e 1/4 tem uma atitude indefinida quanto à utilização de MGM para controlo de vetores. Se no futuro se optar por esta estratégia de controlo de vetores na Madeira há que compreender os motivos geradores desta atitude de oposição e desenvolver ações educativas abrangentes.
Palavras-chave
Dengue, Ilha da Madeira, Controlo Vetorial, Atitudes.
Conflitos de interesse
Sem qualquer conflito de interesses para nenhum dos autores.
Ética e financiamentos
Sem qualquer conflito de interesses para nenhum dos autores.
期刊介绍:
The Brazilian Journal of Infectious Diseases is the official publication of the Brazilian Society of Infectious Diseases (SBI). It aims to publish relevant articles in the broadest sense on all aspects of microbiology, infectious diseases and immune response to infectious agents.
The BJID is a bimonthly publication and one of the most influential journals in its field in Brazil and Latin America with a high impact factor, since its inception it has garnered a growing share of the publishing market.