{"title":"Caráter, virtude e situacionismo","authors":"João Hobuss","doi":"10.4013/fsu.2021.223.01","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"\n\n\nEste texto pretende apontar aspectos da agência moral aristotélica, que pressupõe que existe algo, o caráter, que sustenta a existência de linhas robustas do ponto de vista do comportamento, moral, da nossa constituição moral, e que acaba por definir o modo pelo qual agimos, e, por conseguinte, operando como algo que realmente nos define. Essa noção de caráter é majoritária entre os comentadores de Aristóteles, ainda que interpretações distintas possam ser defendidas sobre o alcance dessa disposição de caráter em Aristóteles. Tal concepção grassou ao longo dos tempos, mas vem sendo questionada – ao menos sua leitura mais tradicional - por estudos recentes acerca da psicologia social, que atenua ou rejeita a ideia de um caráter que sustente a nossa agência moral, afirmando que não é este, mas as situações que determinam o agir. Nessa perspectiva, temos especialmente Nisbet, Ross, Doris e Harman, os quais, a partir dos resultados concernentes à psicologia social experimental, chegam a afirmar que não haveria isto que entendemos por caráter, o que implicaria em um sério problema para a conhecida ética das virtudes, já que esta requer, na maior parte de suas formulações, a ideia de um caráter absolutamente robusto (Harman), que nos permitiria prever o comportamento de um agente em uma dada circunstância (Doris).\nPalavras-chave: Aristóteles, caráter, virtude, situacionismo.\n\n\n","PeriodicalId":41989,"journal":{"name":"Filosofia Unisinos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2021-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Filosofia Unisinos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.4013/fsu.2021.223.01","RegionNum":4,"RegionCategory":"哲学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"PHILOSOPHY","Score":null,"Total":0}
Este texto pretende apontar aspectos da agência moral aristotélica, que pressupõe que existe algo, o caráter, que sustenta a existência de linhas robustas do ponto de vista do comportamento, moral, da nossa constituição moral, e que acaba por definir o modo pelo qual agimos, e, por conseguinte, operando como algo que realmente nos define. Essa noção de caráter é majoritária entre os comentadores de Aristóteles, ainda que interpretações distintas possam ser defendidas sobre o alcance dessa disposição de caráter em Aristóteles. Tal concepção grassou ao longo dos tempos, mas vem sendo questionada – ao menos sua leitura mais tradicional - por estudos recentes acerca da psicologia social, que atenua ou rejeita a ideia de um caráter que sustente a nossa agência moral, afirmando que não é este, mas as situações que determinam o agir. Nessa perspectiva, temos especialmente Nisbet, Ross, Doris e Harman, os quais, a partir dos resultados concernentes à psicologia social experimental, chegam a afirmar que não haveria isto que entendemos por caráter, o que implicaria em um sério problema para a conhecida ética das virtudes, já que esta requer, na maior parte de suas formulações, a ideia de um caráter absolutamente robusto (Harman), que nos permitiria prever o comportamento de um agente em uma dada circunstância (Doris).
Palavras-chave: Aristóteles, caráter, virtude, situacionismo.