{"title":"有意大利-圣保罗方言吗?","authors":"Rafael Cesar Scabin, Giliola Maggio","doi":"10.11606/issn.2238-8281.i40p5-18","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Durante as primeiras décadas do século XX, começou-se a falar na existência de um dialeto ítalo-paulistano ou ítalo-paulista. As referências a tal dialeto, entretanto, estão quase sempre ligadas a um gênero de textos cômicos publicados na imprensa periódica paulistana, principalmente da personagem Juó Bananére. O presente artigo analisa os sentidos presentes nesse termo e como podemos entender a relação entre o falar dos imigrantes ítalo-paulistanos e essa representação estilizada. Nesse sentido, percorre-se criticamente seu uso, desde os escritores de então até os estudos históricos e linguísticos mais recentes. A base da análise são os conceitos bakhtinianos de refração, que aponta o quanto as obras ideológicas não são um simples reflexo da realidade, e o de gênero discursivo, que reconduz as características formais de uma dada estilística à situação de interação social que lhe dá origem. Dessa forma, olhar para o dialeto ítalo-paulistano representado em textos ficcionais como um registro documental de uma linguagem social, ignorando os processos de adequação ao gênero, distorce nossa percepção a respeito da realidade linguística dos ítalo-paulistanos. Por outro lado, as fronteiras identitárias demarcadas nesses discursos são bastante reveladoras das tensões sociais presentes no contexto da imigração italiana.","PeriodicalId":31355,"journal":{"name":"Revista de Italianistica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-12-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Houve um dialeto ítalo-paulistano?\",\"authors\":\"Rafael Cesar Scabin, Giliola Maggio\",\"doi\":\"10.11606/issn.2238-8281.i40p5-18\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Durante as primeiras décadas do século XX, começou-se a falar na existência de um dialeto ítalo-paulistano ou ítalo-paulista. As referências a tal dialeto, entretanto, estão quase sempre ligadas a um gênero de textos cômicos publicados na imprensa periódica paulistana, principalmente da personagem Juó Bananére. O presente artigo analisa os sentidos presentes nesse termo e como podemos entender a relação entre o falar dos imigrantes ítalo-paulistanos e essa representação estilizada. Nesse sentido, percorre-se criticamente seu uso, desde os escritores de então até os estudos históricos e linguísticos mais recentes. A base da análise são os conceitos bakhtinianos de refração, que aponta o quanto as obras ideológicas não são um simples reflexo da realidade, e o de gênero discursivo, que reconduz as características formais de uma dada estilística à situação de interação social que lhe dá origem. Dessa forma, olhar para o dialeto ítalo-paulistano representado em textos ficcionais como um registro documental de uma linguagem social, ignorando os processos de adequação ao gênero, distorce nossa percepção a respeito da realidade linguística dos ítalo-paulistanos. Por outro lado, as fronteiras identitárias demarcadas nesses discursos são bastante reveladoras das tensões sociais presentes no contexto da imigração italiana.\",\"PeriodicalId\":31355,\"journal\":{\"name\":\"Revista de Italianistica\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2020-12-31\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista de Italianistica\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i40p5-18\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista de Italianistica","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i40p5-18","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Durante as primeiras décadas do século XX, começou-se a falar na existência de um dialeto ítalo-paulistano ou ítalo-paulista. As referências a tal dialeto, entretanto, estão quase sempre ligadas a um gênero de textos cômicos publicados na imprensa periódica paulistana, principalmente da personagem Juó Bananére. O presente artigo analisa os sentidos presentes nesse termo e como podemos entender a relação entre o falar dos imigrantes ítalo-paulistanos e essa representação estilizada. Nesse sentido, percorre-se criticamente seu uso, desde os escritores de então até os estudos históricos e linguísticos mais recentes. A base da análise são os conceitos bakhtinianos de refração, que aponta o quanto as obras ideológicas não são um simples reflexo da realidade, e o de gênero discursivo, que reconduz as características formais de uma dada estilística à situação de interação social que lhe dá origem. Dessa forma, olhar para o dialeto ítalo-paulistano representado em textos ficcionais como um registro documental de uma linguagem social, ignorando os processos de adequação ao gênero, distorce nossa percepção a respeito da realidade linguística dos ítalo-paulistanos. Por outro lado, as fronteiras identitárias demarcadas nesses discursos são bastante reveladoras das tensões sociais presentes no contexto da imigração italiana.