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Num percurso repleto de tensões e possibilidades, contextualizadas numa comunidade culturalmente instalada num histórico processo de exclusão e integração sociais, baseadas no modelo médico da deficiência, a noção de dignidade da pessoa humana e as consequentes lutas travadas para o vislumbre do alcance das metas inclusivas conferiu aos personagens universitários envolvidos (gestores, docentes, técnicos e discentes) a necessidade de refletirem coletivamente sobre a real localização do valor social do ser humano com deficiência, e revisitarem a relação entre os deveres institucionais e os direitos sociais e fundamentais evidenciados pela presença da aluna em tela. A partir de pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, gerou-se um relato de experiência que buscou expor o ponto de vista da discente e também refletir sobre o papel desempenhado pela gestão do curso de graduação, a quem restou assumir quase que solitariamente o papel de resistência na intermediação entre as demandas legítimas da aluna e o bloco de discurso e poder representados pela instituição. Entre os resultados encontrados, destacou-se a presença de barreiras atitudinais, comunicacionais e de outras ordens, tanto entre os discentes quanto nas mais altas esferas de decisão e poder institucionais. As conclusões do estudo apontam para a necessidade de um programa permanente de sensibilização e formação universitária em prol da construção da consciência inclusiva, segundo a qual a noção de valor existente no princípio da dignidade da pessoa humana possa ser pedagogicamente desvelada, independentemente de estigmas e estereótipos, em detrimento dos flagrantes de desrespeito cometidos contra a pessoa com deficiência. 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Luta por Dignidade e Inclusão da Pessoa com Deficiência no Ensino Público Superior
No presente artigo, a matrícula de uma estudante com deficiência visual no curso de Pedagogia Licenciatura de uma universidade pública federal do nordeste brasileiro foi mote para as reflexões filosóficas e metodológicas suscitadas em torno das ações de acessibilidade previstas para o alcance de sua efetiva inclusão social no Ensino Superior. Num percurso repleto de tensões e possibilidades, contextualizadas numa comunidade culturalmente instalada num histórico processo de exclusão e integração sociais, baseadas no modelo médico da deficiência, a noção de dignidade da pessoa humana e as consequentes lutas travadas para o vislumbre do alcance das metas inclusivas conferiu aos personagens universitários envolvidos (gestores, docentes, técnicos e discentes) a necessidade de refletirem coletivamente sobre a real localização do valor social do ser humano com deficiência, e revisitarem a relação entre os deveres institucionais e os direitos sociais e fundamentais evidenciados pela presença da aluna em tela. A partir de pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, gerou-se um relato de experiência que buscou expor o ponto de vista da discente e também refletir sobre o papel desempenhado pela gestão do curso de graduação, a quem restou assumir quase que solitariamente o papel de resistência na intermediação entre as demandas legítimas da aluna e o bloco de discurso e poder representados pela instituição. Entre os resultados encontrados, destacou-se a presença de barreiras atitudinais, comunicacionais e de outras ordens, tanto entre os discentes quanto nas mais altas esferas de decisão e poder institucionais. As conclusões do estudo apontam para a necessidade de um programa permanente de sensibilização e formação universitária em prol da construção da consciência inclusiva, segundo a qual a noção de valor existente no princípio da dignidade da pessoa humana possa ser pedagogicamente desvelada, independentemente de estigmas e estereótipos, em detrimento dos flagrantes de desrespeito cometidos contra a pessoa com deficiência. Por fim, pretendeu-se oferecer subsídios metodológicos para a adoção pedagógica de práticas acessíveis a partir da gestão universitária, podendo ser experimentados outros lócus de atuação pedagógica e envolver suporte a diferentes personagens em favor da inclusão social.