{"title":"布鲁马迪尼奥淡水河谷大坝溃坝:Paraopeba河流域的社会环境影响","authors":"Marcus Vinicius Polignano, R. S. Lemos","doi":"10.21800/2317-66602020000200011","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"N o dia 25 de janeiro de 2019, a barragem de minério da Vale localizada no ribeirão Ferro-Carvão (Córrego do Feijão), afluente do rio Paraopeba, se rompeu, ocasionando um dos maiores desastres socioambientais da história do Brasil. O rompimento da barragem configura-se como um dos maiores crimes ambientais e de acidente de trabalho do Brasil, uma vez que a maioria das 270 vítimas era de trabalhadores que atuavam na área da empresa. E tudo isso se deu por ação de negligência relacionada à operação de barragem de rejeitos operada e de responsabilidade da Vale. Os desastres são classificados quanto à sua intensidade, evolução e origem. O caso em análise, quanto à intensidade, classifica-se como nível IV, ou seja, “desastre de muito grande porte” [1]. Os desastres desse nível mais elevado são caracterizados quando os danos causados são muito importantes e os prejuízos muito vultosos e consideráveis. Nessas condições, esses desastres não são superáveis e suportáveis pelas comunidades, mesmo quando bem informadas, preparadas, participativas e mobilizadas. É necessário apoio e ajuda de estruturas externas à área afetada. Nessas condições, o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada entre entidades de ensino e pesquisa, setores da sociedade civil e instituições dos três níveis de governo (municipal, estadual e federal) e, em alguns casos, até de ajuda internacional. Assim que tomamos conhecimento do rompimento da barragem Vale na região do Córrego do Feijão, compusemos uma equipe formada por professores e pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) de diferentes áreas do conhecimento, a saber: medicina, biologia, geografia, geologia e comunicação, para nos deslocarmos para a região e fazermos uma avalição in loco dos efeitos devastadores do crime socioambiental. Há muito o projeto Manuelzão UFMG vem defendendo a abordagem ecossistêmica baseada na regionalização por bacia hidrográfica como forma de planejamento e de gestão ambiental. A avaliação desse evento tem que necessariamente passar por uma abordagem ecossistêmica a fim de entender a dinâmica e a complexidade do processo. Para a realização dessa análise, é importante utilizar uma abordagem transdisciplinar e sistêmica incorporando o compartilhamento de diferentes áreas do conhecimento e diversas metodologias, com a incorporação da participação social dentro da concepção de complexidade em contraposição ao reducionismo, tendo as incertezas como inerentes aos sistemas complexos [2]. É fundamental compreender que um desastre dessa dimensão não pode ser mensurado apenas pelos danos locais, dados pontuais e temáticos. O impacto gerado pelo rompimento da barragem da empresa Vale é complexo e dinâmico, pois interfere de forma sistêmica e sinérgica ao mesmo tempo em relações ambientais, sociais e econômicas ao longo de toda a bacia do rio Paraopeba. 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摘要
2019年1月25日,位于ribeirao Ferro- carvao (corrego do feijao)的Vale矿坝决裂,造成巴西历史上最大的社会环境灾难之一。大坝破裂被认为是巴西最大的环境犯罪和职业事故之一,因为270名受害者中大多数是在该公司工作的工人。而这一切都是由于与尾矿坝操作有关的疏忽行为和淡水河谷的责任。灾害根据其强度、演变和起源进行分类。本案的强度为四级,即“非常大的灾难”[1]。这种更高级别的灾害的特点是造成的损失非常大,损失非常大。在这种情况下,即使社区充分了解、准备、参与和动员,这些灾害也无法被社区克服和承受。受影响地区以外的机构需要支持和帮助。在这种情况下,恢复正常取决于教育和研究机构、民间社会部门和三级政府(市、州和联邦)机构之间的动员和协调行动,在某些情况下甚至取决于国际援助。一旦我们在该地区巨大的水坝山谷的流的豆,我们写了一个由老师和研究小组的斯联邦大学。(UFMG)的不同领域的知识,即:医学、生物学、地理学、地质学和地区交流,去旅行,做一个现场评估社会和环境的破坏性影响。长期以来,manuelzao UFMG项目一直倡导基于流域区域化的生态系统方法,作为一种规划和环境管理的形式。对这一事件的评估必须通过生态系统方法,以了解这一过程的动态和复杂性。进行这种分析,重要的是使用一个跨学科的方法,如,分享不同领域知识的系统性和整合的社会参与和各种方法,在设计的复杂性与还原论,固有的不确定性作为复杂系统[2]。重要的是要明白,这种规模的灾难不能仅用当地的损失、具体的和专题的数据来衡量。淡水河谷大坝决堤所产生的影响是复杂和动态的,因为它以系统和协同的方式干扰了整个帕拉奥佩巴河流域的环境、社会和经济关系。总体影响比各部分的总和要大得多,也要复杂得多。
Rompimento da barragem da Vale em Brumadinho: impactos socioambientais na Bacia do Rio Paraopeba
N o dia 25 de janeiro de 2019, a barragem de minério da Vale localizada no ribeirão Ferro-Carvão (Córrego do Feijão), afluente do rio Paraopeba, se rompeu, ocasionando um dos maiores desastres socioambientais da história do Brasil. O rompimento da barragem configura-se como um dos maiores crimes ambientais e de acidente de trabalho do Brasil, uma vez que a maioria das 270 vítimas era de trabalhadores que atuavam na área da empresa. E tudo isso se deu por ação de negligência relacionada à operação de barragem de rejeitos operada e de responsabilidade da Vale. Os desastres são classificados quanto à sua intensidade, evolução e origem. O caso em análise, quanto à intensidade, classifica-se como nível IV, ou seja, “desastre de muito grande porte” [1]. Os desastres desse nível mais elevado são caracterizados quando os danos causados são muito importantes e os prejuízos muito vultosos e consideráveis. Nessas condições, esses desastres não são superáveis e suportáveis pelas comunidades, mesmo quando bem informadas, preparadas, participativas e mobilizadas. É necessário apoio e ajuda de estruturas externas à área afetada. Nessas condições, o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada entre entidades de ensino e pesquisa, setores da sociedade civil e instituições dos três níveis de governo (municipal, estadual e federal) e, em alguns casos, até de ajuda internacional. Assim que tomamos conhecimento do rompimento da barragem Vale na região do Córrego do Feijão, compusemos uma equipe formada por professores e pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) de diferentes áreas do conhecimento, a saber: medicina, biologia, geografia, geologia e comunicação, para nos deslocarmos para a região e fazermos uma avalição in loco dos efeitos devastadores do crime socioambiental. Há muito o projeto Manuelzão UFMG vem defendendo a abordagem ecossistêmica baseada na regionalização por bacia hidrográfica como forma de planejamento e de gestão ambiental. A avaliação desse evento tem que necessariamente passar por uma abordagem ecossistêmica a fim de entender a dinâmica e a complexidade do processo. Para a realização dessa análise, é importante utilizar uma abordagem transdisciplinar e sistêmica incorporando o compartilhamento de diferentes áreas do conhecimento e diversas metodologias, com a incorporação da participação social dentro da concepção de complexidade em contraposição ao reducionismo, tendo as incertezas como inerentes aos sistemas complexos [2]. É fundamental compreender que um desastre dessa dimensão não pode ser mensurado apenas pelos danos locais, dados pontuais e temáticos. O impacto gerado pelo rompimento da barragem da empresa Vale é complexo e dinâmico, pois interfere de forma sistêmica e sinérgica ao mesmo tempo em relações ambientais, sociais e econômicas ao longo de toda a bacia do rio Paraopeba. O impacto global é bem maior e mais complexo que a simples soma das partes.