Madalena Meira Nisa, Jessica Sousa, Joana Pimenta, Joaquina Antunes, Dora Gomes, Cristina Faria
{"title":"小儿脊椎脊髓炎——一种罕见的疾病,难以诊断","authors":"Madalena Meira Nisa, Jessica Sousa, Joana Pimenta, Joaquina Antunes, Dora Gomes, Cristina Faria","doi":"10.15448/1980-6108.2022.1.41086","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução e objetivo: a espondilodiscite é a infeção que atinge o disco intervertebral e as vértebras contíguas e representa dois a quatro % do total das infeções osteoarticulares em idade pediátrica. O agente patogénico é identificado em cerca de metade dos casos, sendo o Staphylococcus aureus o mais frequentemente isolado. Estudos recentes demonstram que entre os seis meses e os quatro anos a Kingella kingae tem um papel etiológico importante. O objetivo da exposição deste caso clínico foi chamar atenção para esta patologia rara cujo diagnóstico é difícil e exige um elevado nível de suspeição.Descrição do caso: criança de 16 meses, sexo masculino, com antecedentes de obstipação, é trazida múltiplas vezes à Urgência Pediátrica por quadro com mais de um mês de evolução de irritabilidade persistente, dor abdominal e recusa da marcha de agravamento progressivo. Na segunda vinda à Urgência Pediátrica apresentava dorsolombalgia à palpação da coluna dorsolombar e diminuição da lordose lombar, o que motivou a realização de avaliação analítica, sumária de urina, ecografia renal e vesical e radiografia dorsolombar sem alterações. Na terceira vinda à Urgência Pediátrica foi decidido internamento e solicitada ressonância magnética nuclear dorsolombar e cintigrafia óssea que revelaram espondilodiscite em D7-D8. Parâmetros analíticos sem alterações valorizáveis, exceto discreta elevação da velocidade de sedimentação. Hemoculturas e restante estudo etiológico negativo. Iniciou terapêutica endovenosa com cefuroxime e flucloxacilina, com melhoria progressiva das queixas álgicas. Aquando da alta, assintomático, mantendo flucloxacilina oral até completar seis semanas de tratamento. Reavaliado posteriormente, encontrando-se assintomático, com um exame físico, reavaliação analítica e radiografia dorsolombar sem alterações.Conclusões: a espondilodiscite é uma identidade de difícil diagnóstico, especialmente na criança, devido à sua raridade, clínica inespecífica, impossibilidade de as crianças verbalizarem os seus sintomas e aos sinais radiológicos tardios, requerendo um alto índice de suspeição. O intervalo médio de tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico é de três semanas a três meses. A ressonância magnética é o exame de escolha. As hemoculturas são, muitas vezes, negativas. O pilar do tratamento é a antibioterapia por várias semanas, mas a sua escolha e duração são controversas. O tratamento inadequado pode originar dor crônica, sequelas ortopédicas graves e complicações neurológicas devastadoras. Quando atempada e adequadamente tratada, a maioria dos casos apresenta uma evolução clínica benigna e autolimitada.","PeriodicalId":44024,"journal":{"name":"Scientia Medica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.3000,"publicationDate":"2022-05-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Espondilodiscite em idade pediátrica – uma doença rara, um diagnóstico difícil\",\"authors\":\"Madalena Meira Nisa, Jessica Sousa, Joana Pimenta, Joaquina Antunes, Dora Gomes, Cristina Faria\",\"doi\":\"10.15448/1980-6108.2022.1.41086\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Introdução e objetivo: a espondilodiscite é a infeção que atinge o disco intervertebral e as vértebras contíguas e representa dois a quatro % do total das infeções osteoarticulares em idade pediátrica. 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Espondilodiscite em idade pediátrica – uma doença rara, um diagnóstico difícil
Introdução e objetivo: a espondilodiscite é a infeção que atinge o disco intervertebral e as vértebras contíguas e representa dois a quatro % do total das infeções osteoarticulares em idade pediátrica. O agente patogénico é identificado em cerca de metade dos casos, sendo o Staphylococcus aureus o mais frequentemente isolado. Estudos recentes demonstram que entre os seis meses e os quatro anos a Kingella kingae tem um papel etiológico importante. O objetivo da exposição deste caso clínico foi chamar atenção para esta patologia rara cujo diagnóstico é difícil e exige um elevado nível de suspeição.Descrição do caso: criança de 16 meses, sexo masculino, com antecedentes de obstipação, é trazida múltiplas vezes à Urgência Pediátrica por quadro com mais de um mês de evolução de irritabilidade persistente, dor abdominal e recusa da marcha de agravamento progressivo. Na segunda vinda à Urgência Pediátrica apresentava dorsolombalgia à palpação da coluna dorsolombar e diminuição da lordose lombar, o que motivou a realização de avaliação analítica, sumária de urina, ecografia renal e vesical e radiografia dorsolombar sem alterações. Na terceira vinda à Urgência Pediátrica foi decidido internamento e solicitada ressonância magnética nuclear dorsolombar e cintigrafia óssea que revelaram espondilodiscite em D7-D8. Parâmetros analíticos sem alterações valorizáveis, exceto discreta elevação da velocidade de sedimentação. Hemoculturas e restante estudo etiológico negativo. Iniciou terapêutica endovenosa com cefuroxime e flucloxacilina, com melhoria progressiva das queixas álgicas. Aquando da alta, assintomático, mantendo flucloxacilina oral até completar seis semanas de tratamento. Reavaliado posteriormente, encontrando-se assintomático, com um exame físico, reavaliação analítica e radiografia dorsolombar sem alterações.Conclusões: a espondilodiscite é uma identidade de difícil diagnóstico, especialmente na criança, devido à sua raridade, clínica inespecífica, impossibilidade de as crianças verbalizarem os seus sintomas e aos sinais radiológicos tardios, requerendo um alto índice de suspeição. O intervalo médio de tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico é de três semanas a três meses. A ressonância magnética é o exame de escolha. As hemoculturas são, muitas vezes, negativas. O pilar do tratamento é a antibioterapia por várias semanas, mas a sua escolha e duração são controversas. O tratamento inadequado pode originar dor crônica, sequelas ortopédicas graves e complicações neurológicas devastadoras. Quando atempada e adequadamente tratada, a maioria dos casos apresenta uma evolução clínica benigna e autolimitada.