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A grafia da nasalidade medial pós-vocálica por crianças de três variedades do português
Este estudo descreve e analisa o registro gráfico da nasalidade vocálica em posição medial de palavra por crianças falantes de três variedades do português, a saber, o brasileiro, o europeu e o moçambicano. Tendo em vista as divergências teóricas em relação à existência de vogais nasais no inventário fonológico do português, busca-se investigar em dados de aquisição da escrita como crianças que partilham o mesmo sistema linguístico concebem a nasalidade vocálica. Note-se que, conforme Miranda (2018), o registro gráfico da nasalidade medial é tarefa complexa que se impõe às crianças nos primeiros anos escolares. Neste artigo, são analisados dados extraídos de textos de 1º e 2º anos do ensino fundamental de escolas de ensino público das cidades de Pelotas (Brasil), Porto (Portugal) e Maputo (Moçambique), pertencentes ao Banco de Textos de Aquisição da Linguagem Escrita (BATALE). Os resultados encontrados corroboram a literatura da aquisição fonológica que defende a existência de vogais nasais no inventário infantil, um conhecimento que está na base das escritas alfabéticas iniciais e que, por efeito do contato com forma ortográfica, vai sendo alterado até corresponder à proposta de Camara Jr (1979) para a nasalidade vocálica do sistema adulto do português, isto é, uma vogal oral seguida de uma consoante nasal.