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A versão elitista da excelência académica que tem vindo a predominar no sistema educativo é aquela que a define como um desempenho excecional, uma qualidade distintiva de poucos que transcendem a norma da performance satisfatória, associada à ideia de que os estudantes reconhecidos por mérito escolar e integrados em “Quadros de Excelência” situam-se à margem de descontinuidades escolares, na lógica de uma excelência para memória futura. A visão romantizada do ideal performativo tem vindo a produzir efeitos nebulosos nas trajetórias estudantis, exacerbando a pressão naqueles que aspiram manter-se no patamar da excelência. Este artigo pretende analisar o percurso académico e a transição para o ensino superior dos “melhores alunos” dos cursos científico-humanísticos da escola pública portuguesa. Enquadrado numa pesquisa de doutoramento que envolveu mais de 400 estudantes, este artigo centra-se na análise das classificações no ensino superior de 142 destes alunos e de depoimentos em inquérito por questionário e entrevista. Os resultados evidenciam os efeitos de uma narrativa unidimensional da excelência, fortemente sustentada em lógicas “resultadistas”, com a excelência conquistada a revelar-se temporária e desfasada dos padrões de excelência exigidos no ensino superior.