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A NARRATIVA TRADICIONAL COMO RUÍNA NO CONTO BOLA DE SEBO, DE GUY DE MAUPASSANT
A partir do conto Bola de Sebo, escrito por Guy de Maupassant (1850-1893), pretendemos apresentar o modo como o autor trabalha com dois planos narrativos, a saber: o primeiro plano, em que narra uma história no contexto da guerra Franco-Prussiana, século XIX, e o segundo plano em que o autor nos remete ao poema romanceado da tradição oral, intitulado Il était un petit navire. Essa narrativa, que é apenas mencionada numa frase, configura-se como uma espécie de ruína ou fragmento que sustenta a estruturada narrativa de primeiro plano ou superfície. Considerando que temos duas estruturas narrativas, optamos pelo método comparativo entre as estruturas narrativas como método de análise e assim chegamos à conclusão de que a tese de Ricardo Piglia se confirma naquilo que concerne a todo conto sempre contar duas histórias, bem como reconhecemos a importância da ruína ou fragmento como matéria nobre para criação literária, conforme observou Walter Benjamin sobre sua importância na criação barroca.