Educação, transmissão e cultura: as cantigas tradicionais como legado histórico-cultural no contexto escolar

Este artigo busca resgatar o sentido das cantigas tradicionais na escola como forma de transmissão de um legado histórico-cultural, partindo do conceito de educação proposto por Hannah Arendt e da noção de alegria na escola de Georges Snyders. A contribuição de Arendt para este debate se dá pela reflexão acerca do possível sentido da atividade educativa enquanto relação intergeracional que é estabelecida na inserção da criança no mundo por meio da transmissão de saberes, hábitos, valores e conhecimentos. Essa inserção, na perspectiva arendtiana, ao mesmo tempo em que possibilita compreender o mundo, permite o estabelecimento de laços de pertencimento. Snyders, por seu turno, pensa a escola como um espaço social e cultural em que ocorre o contato da criança com a cultura elaborada e com as tradições. Isso é o que caracterizaria a escola como um universo específico, no qual, pela disciplina e pelo esforço intelectual, se teria acesso à alegria do conhecimento e à satisfação da cultura. Diante dessa aproximação do pensamento de Arendt e de Snyders é que as cantigas serão abordadas neste artigo. Entende-se que elas constituem um patrimônio histórico-cultural a ser transmitido através de práticas lúdicas no contexto escolar.