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Isso posto, esta pesquisa tem em vista mapear os âmbitos representativos em que está presente o português ao atravessar a fronteira, na área urbana de Puerto Quijarro, município boliviano fronteiriço a Corumbá, Brasil. Trata-se de um estudo interpretativista com base em registros de campo com o apoio de dados documentais e estudos bibliográficos, analisados numa perspectiva decolonial tendo como base Rivera Cusicanqui (2010), estudiosa que parte da prática descolonizadora para justificar um discurso ou uma teoria decolonial. Nesse contexto, a língua portuguesa está estendida além do limite geográfico, formando uma nova territorialidade lusófona na fronteira com a Bolívia, a priori denominado português boliviano. Sua presença é reconhecida nos documentos oficiais locais de Puerto Quijarro, em que se registra o português como uma das línguas mais faladas na localidade, depois do castelhano. Seu modo de funcionamento é peculiar, em especial no setor comercial e de serviços. Tal situação não está associada ao ensino de línguas no sistema educativo boliviano, uma vez que na área de lenguajes da grade curricular local estão presentes o castelhano, uma língua estrangeira (o inglês) e uma língua nativa (o bésiro). Há evidências de que a interpenetração das línguas majoritárias em um e outro território ocorre de forma particular, igualmente sua intercompreensão.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"13 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-11-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Português na fronteira Bolívia-Brasil a partir de uma visão decolonial\",\"authors\":\"Suzana Mancilla, Ruberval Franco Maciel\",\"doi\":\"10.4025/actascilangcult.v44i2.61929\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Os territórios fronteiriços congregam uma diversidade de povos que extrapolam a configuração bi ou trinacional de Estados-nação. 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Português na fronteira Bolívia-Brasil a partir de uma visão decolonial
Os territórios fronteiriços congregam uma diversidade de povos que extrapolam a configuração bi ou trinacional de Estados-nação. São populações que transitam e, por vezes, se estabelecem nessas regiões distantes dos centros nacionais gerando dinâmicas próprias de aproximação, quais sejam trocas e atitudes colaborativas que coexistem com embates, assimetrias e tensões nos diferentes âmbitos. No que tange às línguas presentes na fronteira Bolívia-Brasil, transitam o espanhol ou castelhano e o português como línguas majoritárias em uso, assim como línguas indígenas regionais e de outras procedências, bem como línguas provenientes de distintos países, compondo um mosaico plurilinguístico. Isso posto, esta pesquisa tem em vista mapear os âmbitos representativos em que está presente o português ao atravessar a fronteira, na área urbana de Puerto Quijarro, município boliviano fronteiriço a Corumbá, Brasil. Trata-se de um estudo interpretativista com base em registros de campo com o apoio de dados documentais e estudos bibliográficos, analisados numa perspectiva decolonial tendo como base Rivera Cusicanqui (2010), estudiosa que parte da prática descolonizadora para justificar um discurso ou uma teoria decolonial. Nesse contexto, a língua portuguesa está estendida além do limite geográfico, formando uma nova territorialidade lusófona na fronteira com a Bolívia, a priori denominado português boliviano. Sua presença é reconhecida nos documentos oficiais locais de Puerto Quijarro, em que se registra o português como uma das línguas mais faladas na localidade, depois do castelhano. Seu modo de funcionamento é peculiar, em especial no setor comercial e de serviços. Tal situação não está associada ao ensino de línguas no sistema educativo boliviano, uma vez que na área de lenguajes da grade curricular local estão presentes o castelhano, uma língua estrangeira (o inglês) e uma língua nativa (o bésiro). Há evidências de que a interpenetração das línguas majoritárias em um e outro território ocorre de forma particular, igualmente sua intercompreensão.