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SE O MUNDO SE TRANSFORMA, QUEM SOU EU PARA NÃO ME TRANSFORMAR? – O EU E O OUTRO EM UMA PESQUISA SOBRE OS HINOS DO SANTO DAIME
Com este artigo, desenvolvo uma discussão sobre o eu e o outro nos hinos da religião brasileira Santo Daime. Esse debate é trazido tendo como enfoque o eu pesquisador e as questões epistemológicas que o estudo da poética suscita. Para tanto, em um primeiro momento, apresento a concepção de eu na doutrina daimista (REHEN, 2007), destacando a rede de agentes formada em seus rituais e cosmovisão. Após, trago as contribuições dos Estudos da performance, para refletir sobre como este eu se constitui através de uma prática incorporada – que é, justamente, os rituais, nos quais os hinos são entoados. Por fim, procuro entrecruzar essa discussão com a pesquisa no campo dos Estudos literários, pensando como o jogo enunciativo proposto pela poética daimista se imbrica a problemática ontológica da enunciação, recorrendo, para tanto, às contribuições de Nodari (2015; 2019) sobre obliquação e experiência literária.