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Entre a santidade e a histeria: os processos de escrita de Teresa d’Ávila
Teresa D’Ávila (1515-1582) relata de modo intrigante sua relação com as letras: ao mesmo tempo em que a pena é pesada e rouba-lhe o tempo que poderia empregar no Mosteiro de São José, que acabara de reformar, também é leve, sendo via de oração e encontro com o Amado, Deus1. A dicotomia existente no ofício das letras é reflexo de um conflito que ultrapassava os desejos e vontades de Teresa e provava sua obediência às autoridades. Padres, confessores, teólogos e filósofos - em sua grande maioria, homens - vasculharam o pensamento da carmelita ainda em vida, na tentativa de examinar cada detalhe de sua experiência mística, em busca de referências demoníacas. A escrita poética, que antes era prazer, tornou-se medo sob o duro olhar da Inquisição espanhola (1478), estampado nos escritos em prosa que a monja foi obrigada a escrever. Não mais a partir da visão masculina e inquisitória da época, mas à luz das discussões contemporâneas sobre literatura feita por mulheres, seriam os processos de escrita de uma mulher do século XVI mística ou histeria?