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A ex-cêntrica negritude do Pequeno Príncipe Preto (2020):
Não é de hoje que sujeitos pertencentes aos grupos minoritários têm encontrado formas de resistir perante situações de opressão e sua condição de marginalizados. No Brasil, desde o período escravocrata, os sujeitos negros têm vivenciado situações desumanizadoras e, consequentemente, foram relegados à margem da sociedade. O pós-modernismo, em meados do século XX, dentre suas elaborações plásticas em todas as manifestações artísticas, propiciou um espaço para a voz dos sujeitos ex-cêntricos – descentralizados. No romance O pequeno príncipe preto (2020), do escritor brasileiro Rodrigo França, constatamos uma nítida manifestação pós-moderna por tratar-se de uma paródia que mantêm relações intertextuais com a história dos povos africanos que foram submetidos a escravidão. Em vista disso, partindo das considerações de Linda Hutcheon sobre o pós-modernismo na literatura, no presente estudo analisar-se-á a ex-cêntricidade pós-moderna do príncipe preto, mostrando como o personagem recupera discursos históricos e os reinterpreta, questiona-os sem negá-los. No que diz respeito aos objetivos almejados, o presente estudo busca mostrar como uma narrativa infanto-juvenil contemporânea, cuja autor é oriundo de grupos minoritários, reverbera o discurso pós-moderno em níveis temáticos e formais.