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Estética e fascismo: sobre a formação dos golpes na América Latina
A América Latina experimentou, desde a eleição de Hugo Chávez em 1998, uma onda esmagadora de movimentos progressistas que elegeram governos de esquerda em vários de seus países. Esta onda atraiu os olhares e as movimentações golpistas do maior prejudicado por ela, o imperialismo, que sofisticou e renovou seu antigo método de golpes no terceiro mundo, transformando-os num processo que expressa a relação íntima entre estética e política. Procura-se, no presente artigo, em um primeiro momento, apresentar e relacionar as noções de estética do fascismo e concepção da historiografia burguesa, em Walter Benjamin, e, em um segundo momento, investigar a cronologia do processo de estetização da atividade política que culminou na execução de quase todos os golpes de Estado na América Latina. A demonstração alcançada com esta análise, expressa no último momento, é a de que o processo de ascensão das tendências fascistas resultantes do neogolpismo em todo o continente não se estabeleceram no minuto seguinte aos golpes; antes disso, já se formavam através de uma construção estética elaborada, principalmente, pelo papel dos meios de comunicação de massas nesta nova forma de golpismo.