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O artigo realiza uma leitura cerrada de “Passim”, que, como um poema em paralaxe, forja, com o dispositivo do fragmentarismo, uma unidade anômala de discursos sobre a morte, e constitui uma demonstração in extremis dos limites e possibilidades do discurso poético. Assim, o horror e o luto, pontos nevrálgicos da cultura ocidental, são reconhecidos no poema como definidores da disputa entre o eu cognoscente, de um lado; e o pensamento incoativo, a impossibilidade de sentido e o apagamento de outro, de modo a formular um agon sobre o próprio ser-sobre da existência circunscrita pela consciência da finitude e da fragilidade da vida. A leitura, por fim, identifica os vínculos íntimos entre a legibilidade da lírica, a montagem discursiva, a condição performativa do eu e sua dramatização na ritualização do luto – vínculos condicionados ao desvelo dos artifícios da retórica, que subsistem ruinares e reatualizados, ainda produtivos, na poesia contemporânea de Deguy.