{"title":"“哦,不可能看到的花”","authors":"Helder Moreira","doi":"10.23925/2236-9937.2021V23P282-300","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Reconhecida pela torrencialidade discursiva, a poesia de Ruy Belo assume em Toda a Terra, de 1976, os seus traços mais excêntricos. O presente artigo analisará o contributo da associação metonímica para o desenvolvimento da obra em questão, partindo da hipótese de que este tropo assume uma dimensão matricial na poética de Ruy Belo. A metonímia funciona, então, não apenas como figura de retórica, mas como processo cognitivo que orienta o sentido anagógico subjacente a toda a escrita beliana e que, em Toda a Terra, atinge o grau máximo de concretização. À insuficiência da linguagem para chegar a uma transcendência ou a uma totalidade por si própria anunciada, a poesia de Ruy Belo contrapõe um excesso de palavras — uma excentricidade contínua alimentada por um princípio gerador estável — na busca de uma palavra-total simbolizada pela “flor”.","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"20 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2021-04-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"“Ó flor que é impossível ver”\",\"authors\":\"Helder Moreira\",\"doi\":\"10.23925/2236-9937.2021V23P282-300\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Reconhecida pela torrencialidade discursiva, a poesia de Ruy Belo assume em Toda a Terra, de 1976, os seus traços mais excêntricos. O presente artigo analisará o contributo da associação metonímica para o desenvolvimento da obra em questão, partindo da hipótese de que este tropo assume uma dimensão matricial na poética de Ruy Belo. A metonímia funciona, então, não apenas como figura de retórica, mas como processo cognitivo que orienta o sentido anagógico subjacente a toda a escrita beliana e que, em Toda a Terra, atinge o grau máximo de concretização. À insuficiência da linguagem para chegar a uma transcendência ou a uma totalidade por si própria anunciada, a poesia de Ruy Belo contrapõe um excesso de palavras — uma excentricidade contínua alimentada por um princípio gerador estável — na busca de uma palavra-total simbolizada pela “flor”.\",\"PeriodicalId\":56164,\"journal\":{\"name\":\"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias\",\"volume\":\"20 1\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.1000,\"publicationDate\":\"2021-04-15\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021V23P282-300\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"0\",\"JCRName\":\"RELIGION\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021V23P282-300","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"RELIGION","Score":null,"Total":0}
Reconhecida pela torrencialidade discursiva, a poesia de Ruy Belo assume em Toda a Terra, de 1976, os seus traços mais excêntricos. O presente artigo analisará o contributo da associação metonímica para o desenvolvimento da obra em questão, partindo da hipótese de que este tropo assume uma dimensão matricial na poética de Ruy Belo. A metonímia funciona, então, não apenas como figura de retórica, mas como processo cognitivo que orienta o sentido anagógico subjacente a toda a escrita beliana e que, em Toda a Terra, atinge o grau máximo de concretização. À insuficiência da linguagem para chegar a uma transcendência ou a uma totalidade por si própria anunciada, a poesia de Ruy Belo contrapõe um excesso de palavras — uma excentricidade contínua alimentada por um princípio gerador estável — na busca de uma palavra-total simbolizada pela “flor”.