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Uma leitura decolonial dos sentidos da violência em Robinson Crusoé
Este artigo propõe uma releitura do romance Robinson Crusoé (1719), do inglês Daniel Defoe, ao questionar a lógica da colonialidade e sua representação do mundo a partir de um “Olhar do Norte”. Esta abordagem de revisão histórica dá visibilidade à dicotomia imposta aos povos colonizados, em humanos e não humanos, por meio de uma leitura social-identitária conforme Rildo Cosson (2020). Estamos interessados em identificar como essa dicotomia é usada por Defoe para inaugurar, no gênero romance em língua inglesa, a representação do colonizado como um não humano. Metodologicamente, revisitamos os debates pós-coloniais propostos por G. Kilomba (2019) e S. Hall (2016) e as abordagens decoloniais articuladas por A. Quijano (2005) e W. Mignolo (2007) para esmiuçar como o protagonista Crusoé se comporta em relação ao Outro a partir de seu lugar, individualista, liberal, moderno, regido pelo objetivo do lucro e do enriquecimento. Com essa releitura, pretendemos evidenciar e ampliar os sentidos ideológicos do projeto colonizador registrados no texto de Defoe.