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Abstract
A afirmação de que as metáforas seriam algo entranhado na nossa vida cotidiana (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980]) incorre na constatação de que esse fenômeno pode acontecer em virtualmente quaisquer territórios discursivos. Porém, não é em qualquer tipo de discurso que falantes encontram ‒ ou esperamos encontrar ‒ expressões metafóricas. Nesse contexto, este estudo assume o objeto de investigar os mecanismos conceptuais que levam falantes comuns a associarem a ocorrência de metáforas a alguns gêneros textuais e não a outros. Ancorado no conceito de metaforicidade (DIENSTBACH, 2017), as análises deste estudo se lançam, de um lado, ao levantamento da densidade metafórica (BERBER SARDINHA, 2011) e de recursos de metaforicidade (MÜLLER, 2008) em quatro corpora identificados com gêneros diferentes ‒ poema, capa de revista, artigo científico e bula de medicamento ‒ e, de outro, à sondagem da expectativa de falantes quanto à ocorrência de metáforas nesses gêneros. Os resultados das análises mostram uma correlação positiva entre densidade metafórica e a expectativa dos informantes quanto à ocorrência de metáforas em somente dois dos gêneros analisados; especificamente, poemas e capas. Por outro lado, a correlação entre recursos de metaforicidade e a expectativa dos informantes é positiva em todos os gêneros. Esses resultados afiançam a conclusão de que mais do que somente a ocorrência de metáforas em um texto, é a ocorrência de recursos de metaforicidade ‒ os quais permitiriam que elas fossem reconhecidas como tais ‒ que levam o falante a associar esse fenômeno com o gênero desse texto.