{"title":"O SUJEITO DA PSICANÁLISE E SUA FACE TRÁGICA","authors":"R. D. Almeida","doi":"10.33911/SINGULARSH.V1I1.27","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A ciência moderna, na sua busca por um método que fosse capaz de conhecer o objeto sem as influências subjetivas do pesquisador, elide o sujeito. A psicanálise surge, então, para cuidar do sujeito, do componente trágico que lhe concerne e que a ciência rejeitou. Em lugar do “penso logo sou” cartesiano, que supõe uma unidade do ser, Freud propõe o “eu não é senhor da sua casa”, para dizer de um eu que não é todo explicado pela razão. Nessa perspectiva, o desejo não pode ser confundido com uma vontade racional e consciente, da qual o eu teria total controle. A ética da psicanálise é aquela que convoca o sujeito a prestar contas frente ao próprio desejo, que ele não comanda, mas do qual é sempre responsável. A psicanálise está disposta a não recuar do componente trágico que nos constitui, pois entende que recuar dessa dimensão trágica é produzir seres repetidos, como os objetos em série produzidos pela ciência. Por outro lado, a ciência, na tentativa de buscar um saber universal que silencie o mal-estar, escolhe recalcar o desejo.","PeriodicalId":197926,"journal":{"name":"Singular Sociais e Humanidades","volume":"44 3","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-04-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Singular Sociais e Humanidades","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.33911/SINGULARSH.V1I1.27","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
A ciência moderna, na sua busca por um método que fosse capaz de conhecer o objeto sem as influências subjetivas do pesquisador, elide o sujeito. A psicanálise surge, então, para cuidar do sujeito, do componente trágico que lhe concerne e que a ciência rejeitou. Em lugar do “penso logo sou” cartesiano, que supõe uma unidade do ser, Freud propõe o “eu não é senhor da sua casa”, para dizer de um eu que não é todo explicado pela razão. Nessa perspectiva, o desejo não pode ser confundido com uma vontade racional e consciente, da qual o eu teria total controle. A ética da psicanálise é aquela que convoca o sujeito a prestar contas frente ao próprio desejo, que ele não comanda, mas do qual é sempre responsável. A psicanálise está disposta a não recuar do componente trágico que nos constitui, pois entende que recuar dessa dimensão trágica é produzir seres repetidos, como os objetos em série produzidos pela ciência. Por outro lado, a ciência, na tentativa de buscar um saber universal que silencie o mal-estar, escolhe recalcar o desejo.