{"title":"José Saramago e Franz Kafka: Naufrágio com a Mulher da Limpeza","authors":"Kathrin Sartingen","doi":"10.18309/ranpoll.v53i3.1837","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Na sua busca obsessiva de uma ilha desconhecida em O Conto da Ilha Desconhecida (1997) de José Saramago, o personagem denominado “homem” procura se apropriar de algo novo, desconhecido e estranho; algo que lhe permite aportar em novas margens, a adotar novas perspectivas e a viver novas experiências. O que se destaca, desde o início da narrativa, é o apoio - inicialmente despercebido e subestimado - da mulher da limpeza. Já o pobre homem do campo, em Diante da lei (A porta da lei, 1915) de Franz Kafka, porém, não logra esta forma de autorrealização pessoal. Pode-se dizer que lhe falta imaginação ou seriedade existencial em seu empreendimento, ou, na argumentação de Hans Blumenberg, a necessária “experiência filosófica desencadeadora” (BLUMENBERG, 1997, p. S. 15). Mas talvez ao homem kafkiano tenha faltado apenas uma mulher da limpeza que pudesse aguçar o seu olhar para obter o domínio sobre o próprio destino. Tendo como fundamentos a metaforologia de Hans Blumenberg (Schiffbruch mit Zuschauer, 1997), bem como questões de intertextualidade a partir de Genette e Borges, o artigo pretende estabelecer um diálogo do conto de Saramago com a parábola kafkiana, por ele desdobrada de modo absolutamente inusitado.","PeriodicalId":41303,"journal":{"name":"Revista da Anpoll","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-02-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista da Anpoll","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i3.1837","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LANGUAGE & LINGUISTICS","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Na sua busca obsessiva de uma ilha desconhecida em O Conto da Ilha Desconhecida (1997) de José Saramago, o personagem denominado “homem” procura se apropriar de algo novo, desconhecido e estranho; algo que lhe permite aportar em novas margens, a adotar novas perspectivas e a viver novas experiências. O que se destaca, desde o início da narrativa, é o apoio - inicialmente despercebido e subestimado - da mulher da limpeza. Já o pobre homem do campo, em Diante da lei (A porta da lei, 1915) de Franz Kafka, porém, não logra esta forma de autorrealização pessoal. Pode-se dizer que lhe falta imaginação ou seriedade existencial em seu empreendimento, ou, na argumentação de Hans Blumenberg, a necessária “experiência filosófica desencadeadora” (BLUMENBERG, 1997, p. S. 15). Mas talvez ao homem kafkiano tenha faltado apenas uma mulher da limpeza que pudesse aguçar o seu olhar para obter o domínio sobre o próprio destino. Tendo como fundamentos a metaforologia de Hans Blumenberg (Schiffbruch mit Zuschauer, 1997), bem como questões de intertextualidade a partir de Genette e Borges, o artigo pretende estabelecer um diálogo do conto de Saramago com a parábola kafkiana, por ele desdobrada de modo absolutamente inusitado.
在jose Saramago的《未知岛的故事》(1997)中,被称为“男人”的角色痴迷地寻找一个未知的岛屿,试图挪用一些新的、未知的、奇怪的东西;它能让你在新的边缘做出贡献,采用新的视角,体验新的生活。从叙述的一开始,突出的是清洁女工的支持——最初被忽视和低估了。然而,在弗朗茨·卡夫卡(Franz Kafka)的《法律之门》(the door of law, 1915)之前,农村的穷人并没有实现这种形式的个人自我实现。可以说,他在他的事业中缺乏想象力或存在的严肃性,或者,在汉斯·布鲁门伯格的论点中,缺乏必要的“触发哲学经验”(布鲁门伯格,1997,第15页)。但是,也许卡夫卡式的男人只缺少一个干净的女人,她可以敏锐地注视着自己的命运。本文以汉斯·布鲁门伯格(Schiffbruch mit Zuschauer, 1997)的隐喻学为基础,以及热内特和博尔赫斯的互文性问题,旨在建立萨马戈的故事与卡夫卡式寓言的对话,以一种完全不同寻常的方式展开。