{"title":"Escrever sensações, inscrever afectos: notas para uma teoria literária menor segundo Gilles Deleuze","authors":"Caio Vinícius Russo Nogueira","doi":"10.24261/2183-816x0539","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A literatura não se esgota nos seus aspectos discursivos, o que significa dizer que há algo mais, um afecto, um conjunto de afectos e perceptos que passa por entre as palavras sem, contudo, se diluir nelas. Embora não exista sem a linguagem (quid facti), a literatura produz sensações diferenciais (quid juris) que ultrapassam a lógica discursiva e a veiculação dos enunciados. Para além do imperativo comunicacional, as personagens e as paisagens da literatura podem ser descritas enquanto insistências virtuais, o que, nem por isso, as tornam, no entanto, menos reais. A literatura, ou o fato literário, torna sensível o insensível da linguagem enquanto violência que torna sensória os limites mesmos da nossa sensibilidade. É a partir dessas proposições de Gilles Deleuze que este ensaio se debruça, procurando explicitar o uso de uma constelação de conceitos que insiste na capacidade da literatura de escrever sensações, de inscrever afectos. “Devir”, “Território” e “Ritornelo” são alguns desses conceitos que servem de orientação para a hipótese de uma teoria literária menor que procura cartografar os afectos produzidos pela literatura. Essa teoria literária menor poderia ser denominada, de igual modo, uma estética da literatura.","PeriodicalId":41523,"journal":{"name":"Veredas-Revista da Associacao Internacional de Lusitanistas","volume":"6 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-09-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Veredas-Revista da Associacao Internacional de Lusitanistas","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.24261/2183-816x0539","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERATURE, ROMANCE","Score":null,"Total":0}
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Abstract
A literatura não se esgota nos seus aspectos discursivos, o que significa dizer que há algo mais, um afecto, um conjunto de afectos e perceptos que passa por entre as palavras sem, contudo, se diluir nelas. Embora não exista sem a linguagem (quid facti), a literatura produz sensações diferenciais (quid juris) que ultrapassam a lógica discursiva e a veiculação dos enunciados. Para além do imperativo comunicacional, as personagens e as paisagens da literatura podem ser descritas enquanto insistências virtuais, o que, nem por isso, as tornam, no entanto, menos reais. A literatura, ou o fato literário, torna sensível o insensível da linguagem enquanto violência que torna sensória os limites mesmos da nossa sensibilidade. É a partir dessas proposições de Gilles Deleuze que este ensaio se debruça, procurando explicitar o uso de uma constelação de conceitos que insiste na capacidade da literatura de escrever sensações, de inscrever afectos. “Devir”, “Território” e “Ritornelo” são alguns desses conceitos que servem de orientação para a hipótese de uma teoria literária menor que procura cartografar os afectos produzidos pela literatura. Essa teoria literária menor poderia ser denominada, de igual modo, uma estética da literatura.