{"title":"Conservação convivial: explorando conceitos transformadores para a conservação da (bio)diversidade no Brasil","authors":"L. Sandroni, K. M. P. Ferraz","doi":"10.5380/dma.v62i0.86642","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A necessidade de conservar o que resta da biodiversidade do planeta tornou-se um consenso tácito ao longo dos últimos 40 anos, colocando a questão de forma definitiva no rol da agenda de problemas ambientais globais a serem socialmente resolvidos. Entretanto a decisão sobre os melhores caminhos para a conservação segue sendo alvo de intensas disputas políticas e a necessidade de compatibilização entre efeitos socioculturais e ecossistêmicos na implementação de projetos de conservação permanece atual. O presente artigo tem como intuito apresentar as bases conceituais da proposta da ‘conservação convivial’, identificando contribuições desta para a construção coletiva de alternativas realistas centradas nas dimensões político-econômicas do desafio de promover a diversidade da vida humana e não humana no planeta. Realizamos uma genealogia do contexto discursivo, histórico e atual, onde a proposta emergiu. Em primeiro lugar, situamos a emergência da conservação convivial no contexto da literatura das ‘transformações para sustentabilidade’, destacando especificamente a contribuição das ciências sociais críticas para a transformação da conservação da biodiversidade. Em seguida, apresentamos as características das principais tendências e linhas paradigmáticas que guiaram as ações e políticas para a conservação da biodiversidade historicamente no Brasil e no mundo, a saber, a ‘conservação fortaleza’, a ‘conservação participativa’ e a ‘conservação neoliberal’. Ademais, avaliamos o estado da arte das atualizações destas linhas no debate global atual, ao apresentar as características principais das tendências ‘neoprotecionista’ e da ‘nova conservação’, em seus distanciamentos e aproximações em relação à ‘conservação convivial’. Por fim, apresentamos os princípios da conservação convivial e as ações que materializam a proposta, em sua interface com o contexto brasileiro e latino-americano. Esperamos que esta apresentação sistemática e criteriosa da conservação convivial possa contribuir para a construção de ferramentas transdisciplinares e democráticas de pesquisa e intervenção em conservação da biodiversidade, especialmente no Brasil.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"65 28","pages":""},"PeriodicalIF":0.4000,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.86642","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"ENVIRONMENTAL STUDIES","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
A necessidade de conservar o que resta da biodiversidade do planeta tornou-se um consenso tácito ao longo dos últimos 40 anos, colocando a questão de forma definitiva no rol da agenda de problemas ambientais globais a serem socialmente resolvidos. Entretanto a decisão sobre os melhores caminhos para a conservação segue sendo alvo de intensas disputas políticas e a necessidade de compatibilização entre efeitos socioculturais e ecossistêmicos na implementação de projetos de conservação permanece atual. O presente artigo tem como intuito apresentar as bases conceituais da proposta da ‘conservação convivial’, identificando contribuições desta para a construção coletiva de alternativas realistas centradas nas dimensões político-econômicas do desafio de promover a diversidade da vida humana e não humana no planeta. Realizamos uma genealogia do contexto discursivo, histórico e atual, onde a proposta emergiu. Em primeiro lugar, situamos a emergência da conservação convivial no contexto da literatura das ‘transformações para sustentabilidade’, destacando especificamente a contribuição das ciências sociais críticas para a transformação da conservação da biodiversidade. Em seguida, apresentamos as características das principais tendências e linhas paradigmáticas que guiaram as ações e políticas para a conservação da biodiversidade historicamente no Brasil e no mundo, a saber, a ‘conservação fortaleza’, a ‘conservação participativa’ e a ‘conservação neoliberal’. Ademais, avaliamos o estado da arte das atualizações destas linhas no debate global atual, ao apresentar as características principais das tendências ‘neoprotecionista’ e da ‘nova conservação’, em seus distanciamentos e aproximações em relação à ‘conservação convivial’. Por fim, apresentamos os princípios da conservação convivial e as ações que materializam a proposta, em sua interface com o contexto brasileiro e latino-americano. Esperamos que esta apresentação sistemática e criteriosa da conservação convivial possa contribuir para a construção de ferramentas transdisciplinares e democráticas de pesquisa e intervenção em conservação da biodiversidade, especialmente no Brasil.