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Abstract
O artigo é resultado de leituras e meditações sobre a bibliografia especializada que se encontra nos cruzamentos entre a História e a Psicanálise, relacionando-se de perto com a Literatura. O trabalho foi dividido em duas partes, sendo a primeira, uma introdução dos referenciais teóricos e das escolhas metodológicas. Partindo da abordagem desenvolvida por Ian Hacking, utilizaremos o conceito de Ontologia histórica para colocar em discussão: as formas de pensar, ver, sentir, olhar para os outros e para si mesmo constituidoras da escrita de Primo Levi, sobrevivente dos Campos de concentração. Esse conceito é expandido por meio das relações entre a história, a literatura testemunhal e a reflexão sobre a sensibilidade, a vontade e o desejo presentes na escrita leviana. Começamos a segunda parte analisando alguns ensaios de Levi diante de sua literatura testemunhal, procurando o conflito que se estabelece na instância do olhar para si mesmo. Compreendendo que existe uma tentativa na escrita de Levi de conciliar pensamentos e formas de sensibilidades diferentes que demarcam o desiquilíbrio, o desacordo entre essas figurações do autor. Diante desse desenlace, propomos que a narrativa de Levi pode ser pensada a partir da noção de conflito; permitindo pensar sobre a historicidade da experiência dos campos diante do desejo, da angústia, do sofrimento e outras potencialidades que se referem ao olhar para si mesmo. A pesquisa tem pretensão de oferecer meios para relacionar a história e a psicanálise, para pensar além de uma relação entre trauma do sobrevivente e ofício de reconstrução do passado. No sentido de pensar o desconforto e a dor como elementos que rompem com a temporalidade, o contexto, a narrativa e retornam ao ambiente catastrófico em Auschwitz.