{"title":"Estratégias coletivas de comercialização de açaí e ambiguidade discursiva em torno da sustentabilidade no Nordeste Paraense","authors":"Renato dos Prazeres Rodrigues, Monique Medeiros","doi":"10.5380/dma.v62i0.84898","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"No Nordeste Paraense, a redução da biodiversidade em ecossistema de várzea, provocada pelas práticas de manejo intensivo do açaí, gera consequências socioambientais diversas. Algumas organizações sociais envolvidas no circuito de comercialização do açaí, alegando a importância de reverter essa situação, vêm construindo junto aos seus associados práticas e discursos apresentados como mais sustentáveis. Tendo em vista a complexidade dessas construções, o objetivo desse trabalho foi verificar dissonâncias e consonâncias entre discursos e práticas referentes à sustentabilidade socioambiental, propagadas por lideranças dessas organizações sociais e agricultores ribeirinhos, envolvidos na comercialização de açaí da Ilha Guajará de Baixo, em Cametá-PA. Para esse fim, entrevistas semiestruturadas foram direcionadas a três agricultores ribeirinhos vinculados a associações locais e dezesseis não-associados, bem como a dois representantes de dispositivos coletivos atuantes na organização e comercialização do açaí agroextrativista. As entrevistas foram gravadas e transcritas e o uso do Software Iramuteq foi mobilizado com o intuito de facilitar a análise do discurso desses interlocutores. As contribuições teóricas da Perspectiva Orientada ao Ator e suas pedras angulares fundamentaram as análises. Os resultados obtidos relevam que, se por um lado, o estímulo à configuração da sustentabilidade por parte dos dispositivos coletivos leva a práticas de manejo dos açaizais mais preocupadas com o uso devido do meio biofísico pelos agricultores ribeirinhos associados a tais dispositivos, por outro lado, as pressões dos mercados por altas produções vêm desencadeando estratégias de comercialização dissociadas do discurso de sustentabilidade criado por esses atores sociais.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"6 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.4000,"publicationDate":"2023-11-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.84898","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"ENVIRONMENTAL STUDIES","Score":null,"Total":0}
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Abstract
No Nordeste Paraense, a redução da biodiversidade em ecossistema de várzea, provocada pelas práticas de manejo intensivo do açaí, gera consequências socioambientais diversas. Algumas organizações sociais envolvidas no circuito de comercialização do açaí, alegando a importância de reverter essa situação, vêm construindo junto aos seus associados práticas e discursos apresentados como mais sustentáveis. Tendo em vista a complexidade dessas construções, o objetivo desse trabalho foi verificar dissonâncias e consonâncias entre discursos e práticas referentes à sustentabilidade socioambiental, propagadas por lideranças dessas organizações sociais e agricultores ribeirinhos, envolvidos na comercialização de açaí da Ilha Guajará de Baixo, em Cametá-PA. Para esse fim, entrevistas semiestruturadas foram direcionadas a três agricultores ribeirinhos vinculados a associações locais e dezesseis não-associados, bem como a dois representantes de dispositivos coletivos atuantes na organização e comercialização do açaí agroextrativista. As entrevistas foram gravadas e transcritas e o uso do Software Iramuteq foi mobilizado com o intuito de facilitar a análise do discurso desses interlocutores. As contribuições teóricas da Perspectiva Orientada ao Ator e suas pedras angulares fundamentaram as análises. Os resultados obtidos relevam que, se por um lado, o estímulo à configuração da sustentabilidade por parte dos dispositivos coletivos leva a práticas de manejo dos açaizais mais preocupadas com o uso devido do meio biofísico pelos agricultores ribeirinhos associados a tais dispositivos, por outro lado, as pressões dos mercados por altas produções vêm desencadeando estratégias de comercialização dissociadas do discurso de sustentabilidade criado por esses atores sociais.