Globalização inacabada: o fracasso na abordagem do legado do colonialismo nos direitos humanos internacionais e na governança migratória

Estela Cristina Vieira de Siqueira, Cícero Krupp da Luz
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Abstract

A era pós-Segunda Guerra Mundial do Direito Internacional foi prolífica na geração de processos intrincados e complexos de promoção dos direitos humanos, por meio da criação de normas específicas e agências especializadas, enquadrando a proteção dos indivíduos nos principais documentos de direitos. A maior parte destes instrumentos foram incorporados a nível doméstico dos Estados para proteger predominantemente os nacionais, os civis legais - uma perspectiva ainda muito ligada à dimensão territorial da Soberania do Estado. Dessa maneira, quando se trata de governança dos diferentes ramos do Direito Internacional dos Direitos Humanos, o Sistema Internacional ainda falha em não avançar no processo de descolonização como uma superação histórica do colonialismo, e não como apenas um processo puramente legal de emancipação das colônias, mas de quebrar o paradigma da dinâmica de poder dentro das próprias estruturas do Sistema, pois não foram criados mecanismos internacionais importantes para superar a vantagem colonial dentro das Organizações Internacionais - e isso se reflete na dinâmica institucional de agências especializadas e órgãos subsidiários da ONU, como o ACNUR, destinados a atender refugiados, sendo que alguns deles sequer foram projetados para durar mais do que seu mandato institucional original. Além disso, nas últimas décadas, com a expansão e facilitação do fluxo de informações, bens e serviços, tais facilidades não foram permitidas, em extensão, aos migrantes, e a figura do estrangeiro passa a ser tão mais interessante para o sistema econômico quando permanece indocumentado, ao contrário do cidadão nacional, protegido, e como a maioria dos migrantes econômicos e refugiados são do Sul Global, isso pode implicar em um processo de globalização inacabado, pois o próprio sistema se alimenta dessa lógica colonial, fazendo com que essa figura do migrante ilegal se alimente dela. Saskia Sassen e Anne Orford trarão luz sobre este assunto, sobre como a globalização econômica depende da atual divisão internacional do trabalho e da migração, explorando esses migrantes, porque esta privação de direitos que os torna indocumentados é a condição necessária para a sua exploração laboral.
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未完成的全球化:在国际人权和移民治理中未能解决殖民主义遗留问题
二战后的国际法时代,通过制定具体准则和设立专门机构,在主要权利文件中规定了对个人的保护,从而产生了促进人权的错综复杂的进程。这些文书大多被纳入国家的国内层面,主要是为了保护国民和合法平民--这一观点仍然与国家主权的领土层面密切相关。因此,在对国际人权法的不同分支进行管理时,国际体系仍未能推动非殖民化进程,将其作为对殖民主义的历史性超越,而不仅仅是一个纯粹的解放殖民地的法律进程,也未能打破国际体系本身结构中的权力动态范式、因为在国际组织内部没有建立任何重要的国际机制来克服殖民主义的优势--这反映在专门机构和联合国附属机构(如联合国难民署)的体制动态中,这些机构的目的是帮助难民,其中一些机构甚至没有超越其最初的机构使命。此外,近几十年来,随着信息、商品和服务流动的扩大和便利化,这些设施在任何程度上都不允许移民使用,与受到保护的本国公民不同,当外国人仍然没有证件时,经济体系就会对他的形象更加感兴趣,由于大多数经济移民和难民都来自全球南部,这可能意味着全球化进程尚未完成,因为经济体系本身就依赖于这种殖民逻辑,导致非法移民的形象也依赖于这种殖民逻辑。萨斯基娅-萨森(Saskia Sassen)和安妮-奥尔福德(Anne Orford)将阐明这一问题,阐明经济全球化如何依赖于当前的国际劳动分工和移民,如何剥削这些移民,因为剥夺他们的权利使他们成为无证移民是剥削他们劳动的必要条件。
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