{"title":"Bento Aranha e a imprensa de combate no Norte do Brasil (1866-1911)","authors":"Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro","doi":"10.4013/hist.2023.271.09","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O artigo aborda a trajetória singular de Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, um dos principais publicistas a atuar na imprensa e no cenário político do Extremo Norte do país durante o Segundo Reinado e as décadas iniciais da República. Publicando tanto no Pará quanto no Amazonas, foi dos mais dinâmicos jornalistas ali radicados, idealizando e dirigindo diversos periódicos, além de colaborar em outros jornais como verdadeiro polinizador de ideias, assinando centenas de artigos em defesa das grandes causas sociais e em favor dos subalternos. Baseado em meticuloso inventário de seus escritos na imprensa, obras literárias e falas proferidas na Assembleia Provincial do Amazonas, a análise de seus discursos avança em associação com uma abordagem biográfica revitalizada na análise histórica, desvelando um intelectual e político à frente de seu tempo. Pautou-se pela inclusão da escravidão (dissimulada) do índio no debate abolicionista por ele encampado desde 1870. Republicano de primeira hora, viu o alvorecer da República como a realização de um sonho logo convertido em pesadelo, mas nunca abandonou seus princípios e suas utopias, mantendo-se em combate contra o que diagnosticou como o “decaimento moral” do regime. Defensor de uma república revolucionária aos moldes da que surgiu com a francesa em 1789, sua crítica radical ao projeto republicano que se fez vencedor no 15 de Novembro e aos próceres da República logo o transformou em expressão maior do jacobinismo na Amazônia. Perseguido e excluído pelo regime pelo qual tanto lutou, Bento Aranha foi injustamente silenciado e esquecido, sendo hoje praticamente desconhecido pelo conjunto da historiografia brasileira, razão pela qual urge revisitar suas ideias e posições.","PeriodicalId":42877,"journal":{"name":"Historia Unisinos","volume":"595 ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-01-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Historia Unisinos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.4013/hist.2023.271.09","RegionNum":4,"RegionCategory":"历史学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q3","JCRName":"HISTORY","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O artigo aborda a trajetória singular de Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, um dos principais publicistas a atuar na imprensa e no cenário político do Extremo Norte do país durante o Segundo Reinado e as décadas iniciais da República. Publicando tanto no Pará quanto no Amazonas, foi dos mais dinâmicos jornalistas ali radicados, idealizando e dirigindo diversos periódicos, além de colaborar em outros jornais como verdadeiro polinizador de ideias, assinando centenas de artigos em defesa das grandes causas sociais e em favor dos subalternos. Baseado em meticuloso inventário de seus escritos na imprensa, obras literárias e falas proferidas na Assembleia Provincial do Amazonas, a análise de seus discursos avança em associação com uma abordagem biográfica revitalizada na análise histórica, desvelando um intelectual e político à frente de seu tempo. Pautou-se pela inclusão da escravidão (dissimulada) do índio no debate abolicionista por ele encampado desde 1870. Republicano de primeira hora, viu o alvorecer da República como a realização de um sonho logo convertido em pesadelo, mas nunca abandonou seus princípios e suas utopias, mantendo-se em combate contra o que diagnosticou como o “decaimento moral” do regime. Defensor de uma república revolucionária aos moldes da que surgiu com a francesa em 1789, sua crítica radical ao projeto republicano que se fez vencedor no 15 de Novembro e aos próceres da República logo o transformou em expressão maior do jacobinismo na Amazônia. Perseguido e excluído pelo regime pelo qual tanto lutou, Bento Aranha foi injustamente silenciado e esquecido, sendo hoje praticamente desconhecido pelo conjunto da historiografia brasileira, razão pela qual urge revisitar suas ideias e posições.