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Abstract
O artigo investiga a obra de Alberto Torres sob o ponto de vista da introdução de uma razão go- vernamental no pensamento político brasileiro, pautada pela lógica da prevenção e da estruturação do campo de ações possíveis. Parte das reflexões de Michel Foucault sobre a governamentalidade para examinar a visão torreana de modernização e procura mostrar que a arquitetura do Estado desenhada em A organização nacional e O problema nacional brasileiro é inseparável das medi- das destinadas a produzir o “homem novo” como sujeito ético capaz de enfrentar os riscos da vida social, o que constitui um marco de ruptura na tradição do pensamento político e social. A razão governamental é analisada quanto aos seguintes aspectos: a influência da sociabilidade da escravidão na concepção de população, baseada na lógica afetiva e nas interações comunitárias; a reforma do regime jurídico e a formação de um regime de opinião, na direção de um governo das percepções; o lugar da política racial e do povoamento territorial na expansão da capacidade administrativa do Estado e na regulação da agência humana.