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Abstract
A mais recente peça de Roberto Schwarz, Rainha Lira (2022), é uma apropriação artística dos acontecimentos sociopolíticos brasileiros da última década. Em sua camada mais superficial, ela é uma paródia que põe em cena figuras-chave da história contemporânea. No entanto, esse aspecto, apesar do grande valor documentário que terá no futuro, não determina por si só o valor estético da peça. Ao observar a composição da obra, desde a configuração das falas individuais, passando por sua orquestração cacofônica nas cenas, até os macromovimentos que abrangem toda a trama, vê-se que sua unidade e força estéticas dependem principalmente de sua estrutura. As contradições fundantes da sociabilidade brasileira, objeto principal da ensaística de Schwarz, configuram também a dinâmica formal em Rainha Lira, onde, por exemplo, a relação entre modernidade e atraso aparece profundamente imbricada com a própria dinâmica das falas e das cenas. Por fim, também o caráter político da peça se deve não ao aspecto paródico, mas antes ao ímpeto crítico que impulsiona sua composição literária.