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Abstract
Inscrito sob a Análise do Discurso (AD) francesa, mais especificamente em Michel Pêcheux, este artigo tem por objetivo abordar um dos grandes problemas que a cultura grega antiga impôs a si mesma: seu movimento de reclusão no já inscrito, não permitindo que novos acontecimentos fossem inseridos em sua memória discursiva. A memória grega antiga se fundamentava no mito que contava sobre cinco idades para a humanidade: Ouro, Prata, Bronze, Heróis e Ferro (STEPHANIDES, 2001). Por conta de diversos acontecimentos discursivos, os gregos acreditavam que a última idade da humanidade, a de Ferro, deveria se limitar a cultuar os acontecimentos e os heróis da idade anterior: a dos Heróis (NAGY, 2013). Este movimento discursivo de manutenção de uma memória social diacrônica culminou, por um lado, no surgimento de grandes poetas, cantos líricos e de glória que fundamentam dizeres até nossos dias através de um já-dito milenar, mas, por outro lado, encerrou a possibilidade de novas inscrições na memória discursiva grega enquanto condição de produção de sentidos de um dado contexto sócio histórico. Através da metodologia de análise da própria AD, que não pressupõe uma leitura teleológica do corpus, mas sim realiza uma análise em espiral que se aprofunda tocando teoria e corpus, observaremos os efeitos da reclusão da memória discursiva grega no filme Blade Runner, de Ridley Scott.