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Abstract
O artigo analisa as condições históricas que ensejaram, em 1944, a organização da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entidade de interesse público regulada por um regime jurídico de direito privado, graças à mobilização de intelectuais, agentes estatais e segmentos do empresariado nacional. A FGV e seus intelectuais integraram uma ampla rede de forças sociais engajadas nas tarefas de “modernização-conservadora” do capitalismo brasileiro ao longo das décadas de 1940 e 1960, forjando propostas de intervenção político-econômica e constituindo articulações sociais necessárias para a sua realização. Por conseguinte, a pesquisa examinou a documentação oficial produzida pela própria FGV e os materiais elaborados pelos intelectuais conectados à instituição e depositados no Arquivo Nacional e no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC). A longa formação político-profissional desse grupo e a abrangente rede de relacionamentos costurada em agências governamentais, aparelhos privados de hegemonia e círculos empresariais-militares viabilizaram um posicionamento ideológico e um senso de ação política comum, expressos na concepção e disseminação de projetos hegemônicos para o desenvolvimento do capitalismo na periferia do sistema mundial.