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Abstract
Produzimos e contemplamos imagens desde o início da humanidade. Historicamente a presença de imagens entre nós vem se intensificando e está presente nos mais diversos contextos: no contexto médico, científico, religioso, no apoio à segurança de nossas cidades, nas mídias sociais que passam a substituir a interação social, na espetacularização da vida cotidiana. O objetivo desse artigo é apontar para a importância de análises antropológicas voltadas a esses diversos usos da imagem em nossa sociedade e, simultaneamente, discutir como, historicamente, a importância que atribuímos aos nossos sentidos pode variar, dependendo da época e da cultura em questão. Se a visão era órgão central do conhecimento desde o século XIX, no século XVI, em plena Reforma, a audição era o órgão valorizado, era necessário escutar as palavras de Deus, a fé era audição. Cabe perguntar: como nós, cientistas sociais, valorizamos cada um dos sentidos, que papel atribuímos à visão e às imagens na produção de nosso conhecimento? O artigo procura2 mostrar o paradoxo de uma ciência atravessada pelo visualismo e que, ao mesmo tempo, reitera a primazia do texto verbal, afastando-se seja da produção de imagens, seja de sua análise. Nas Ciências Sociais foi a Antropologia que passou a apontar para a riqueza do uso da imagem em nossas disciplinas e foram muitos os núcleos criados no país para a análise e produção de imagens em uma perspectiva antropológica.