Gabriel Bianconi Fernandes, A. C. L. Silva, Maitê Edite Sousa Maronhas, Amaury Da Silva Dos Santos, Paola Hernandez Cortez Lima
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Abstract
O Brasil é um dos maiores produtores globais de cultivos geneticamente modificados e centro de origem e diversificação de espécies relevantes para a agricultura e a alimentação. As monoculturas transgênicas ocupam cerca de 50 milhões de hectares, enquanto agricultores familiares, povos indígenas e comunidades tradicionais respondem pela conservação in situ/on farm de recursos genéticos locais. Baseado na experiência de 15 anos de regulamentação dos OGMs e em projetos interinstitucionais de conservação da agrobiodiversidade, este artigo discute os desafios para a coexistência desses dois modelos de agricultura a partir da detecção de proteínas transgênicas em variedades crioulas de milho. Como parte de um amplo e inédito processo de monitoramento participativo de fluxo gênico, 1.098 amostras de milho crioulo foram coletadas no Semiárido brasileiro entre 2018 e 2021 e analisadas por meio de fitas imunocromatográficas. Os testes revelaram 34% de amostras com a presença de proteínas GM. Conclui-se que as normas de biossegurança vigentes no país não permitem assegurar a conservação on farm do milho. O ônus desse processo vem sendo assumido por setores que contribuem para a conservação da agrobiodiversidade e não se beneficiam da adoção de sementes GM. A contaminação transgênica pode ser reduzida pela implementação de regras de coexistência mais efetivas que considerem as áreas de cultivo de variedades crioulas de milho como áreas de produção de sementes, somada à ampla informação sobre a origem das sementes comerciais.