(Inter)Ações Interculturais e Interespistemológicas: Aplicação de um Projeto Pedagógico Decolonizador para Educação em Saúde Bucal na Escola Indígena Guarani Mbya Nhamandu Nhemopu’ã
{"title":"(Inter)Ações Interculturais e Interespistemológicas: Aplicação de um Projeto Pedagógico Decolonizador para Educação em Saúde Bucal na Escola Indígena Guarani Mbya Nhamandu Nhemopu’ã","authors":"Adriana Marques, L. Martins","doi":"10.14571/brajets.v12.n4.476-488","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste artigo é apresentada uma reflexão sobre a herança epistêmica eurocêntrica que formou nossa cultura ocidental, convidando para uma discussão intercultural, decolonial e interepistemológica ao considerar os conhecimentos dos povos tradicionais indígenas na implementação de um projeto voltado à educação em saúde bucal. Para tanto, Adriana partiu da sua experiência como professora da escola indígena Guarani Mbya Nhamandu Nhemopu’ã, localizada na aldeia de Pindo Mirim. Esta pesquisa-ação se estruturou tendo em vista que as crianças estavam apresentando problemas como cáries, dor de dente, tártaro por consumirem alimentos que originalmente não faziam parte dos costumes tradicionais – como refrigerantes e açúcares, por exemplo. Foram organizadas rodas de conversas com 85 membros da comunidade (50 estudantes da escola) em que foi discutida a implementação deste projeto, intitulado por eles “Tai Porã/dentes saudáveis”. Foi estabelecido um mapa cognoscitivo intercientífico bilíngue em que os conhecimentos ocidentais e tradicionais se encontraram e identificamos um redimensionamento epistêmico. O dentista, que atende a aldeia através da Secretaria da Saúde Indígena (SESAI) ofereceu às crianças escovas, fios, pastas dentais e pastilhas evidenciadoras de placas para debater a importância da escovação na prevenção de doenças bucais. Com ajuda da comunidade, foi construído um “escovódromo” na escola para escovações diárias. Ao final dessa experiência, pesquisadores e a comunidade debateram sobre os resultados. A partir deste debate, é trazido aqui a reflexão de que a escola deve ser um lugar para propiciar um encontro de saberes. As práticas devem ser desenvolvidas numa perspectiva plural de conhecimentos, propiciando movimentos interculturais, decolonizadores e interepistêmicos de fato.","PeriodicalId":40275,"journal":{"name":"Cadernos Educacao Tecnologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2022-12-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos Educacao Tecnologia e Sociedade","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.14571/brajets.v12.n4.476-488","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"EDUCATION & EDUCATIONAL RESEARCH","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Neste artigo é apresentada uma reflexão sobre a herança epistêmica eurocêntrica que formou nossa cultura ocidental, convidando para uma discussão intercultural, decolonial e interepistemológica ao considerar os conhecimentos dos povos tradicionais indígenas na implementação de um projeto voltado à educação em saúde bucal. Para tanto, Adriana partiu da sua experiência como professora da escola indígena Guarani Mbya Nhamandu Nhemopu’ã, localizada na aldeia de Pindo Mirim. Esta pesquisa-ação se estruturou tendo em vista que as crianças estavam apresentando problemas como cáries, dor de dente, tártaro por consumirem alimentos que originalmente não faziam parte dos costumes tradicionais – como refrigerantes e açúcares, por exemplo. Foram organizadas rodas de conversas com 85 membros da comunidade (50 estudantes da escola) em que foi discutida a implementação deste projeto, intitulado por eles “Tai Porã/dentes saudáveis”. Foi estabelecido um mapa cognoscitivo intercientífico bilíngue em que os conhecimentos ocidentais e tradicionais se encontraram e identificamos um redimensionamento epistêmico. O dentista, que atende a aldeia através da Secretaria da Saúde Indígena (SESAI) ofereceu às crianças escovas, fios, pastas dentais e pastilhas evidenciadoras de placas para debater a importância da escovação na prevenção de doenças bucais. Com ajuda da comunidade, foi construído um “escovódromo” na escola para escovações diárias. Ao final dessa experiência, pesquisadores e a comunidade debateram sobre os resultados. A partir deste debate, é trazido aqui a reflexão de que a escola deve ser um lugar para propiciar um encontro de saberes. As práticas devem ser desenvolvidas numa perspectiva plural de conhecimentos, propiciando movimentos interculturais, decolonizadores e interepistêmicos de fato.