Mara Coelho de Souza Lago, C. Wolff, T. R. O. Ramos, Luzinete Simões Minella
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Abstract
Em tempos de riscos, negacionismos, recrudescimento de contágio, entrando em novo ciclo da pandemia de coronavírus, não podemos evitar o tema da morte, da finitude. Quando falamos das contribuições da Revista Estudos Feministas na divulgação de pesquisas e estudos sobre a questão da violência, nos “21 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”, promovidos pelo Instituto de Estudos de Gênero (IEG/UFSC), entre os dias 25 de novembro e 09 de dezembro de 2021,1 Teresa Kleba, editora de Dossiê e Seção Temática da REF, ressaltou a importância das homenagens que a revista fazia às feministas que já nos haviam deixado, por meio da seção In Memoriam. Na constante adaptação às normativas de indexadores, tivemos que abrir mão desta seção na edição da revista e o obituário da saudosa Luiza Bairros (Luzinete MINELLA, 2016) está registrado apenas na edição online dos Portais de Periódicos da UFSC e do IEG, e não no Portal SciELO, aquele que alcança o maior número de downloads e acessos internacionais. Nesse processo contínuo do fazer da revista, temos incluído nossas memórias das feministas que perdemos no editorial e também em outras seções da revista, como neste número, com a Seção Temática dedicada à María Lugones, que nos deixou em 2019. Agora precisamos registrar a perda sofrida pelo feminismo negro e por todos os movimentos feministas de bell hooks – feminista negra dos Estados Unidos que participou, com muitas outras teóricas militantes, de uma tomada de consciência do feminismo ocidental, do Norte Global, questionando a concepção da mulher universal. Para falar de bell hooks e do sentimento de perda que vivenciamos, desdobramos este editorial com a escrita de Sandra Azerêdo, nossa companheira feminista de Minas Gerais, ligada a hooks por antigos laços de amizade e convivência. María Lugones, participando dos estudos descoloniais desenvolvidos nos Estados Unidos com a importante contribuição de teóricas/os de outros continentes construiu, no diálogo com as concepções de Aníbal Quijano (1991), a categoria de “colonialidade de gênero” (LUGONES, 2014), contribuindo para o descentramento dos estudos feministas, na consideração do pensamento produzido no Sul pelos povos nativos racializados no contato com o colonizador, e por aquela população sequestrada do continente africano para ser escravizada nos países do Norte e do Sul, como o Brasil. Representando este paradigma que valoriza as teorias feministas produzidas no Sul Global, esta importante expressão do pensamento atual não