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Abstract
O texto analisa as redes de comunicação e a cultura política vivenciadas por João Soares Lisboa e outros exilados no Cone Sul, uma região militarizada e de fronteiras indeterminadas entre o Império do Brasil e as repúblicas hispano-americanas recém-independentes, nos anos de 1822-1823, a partir de Buenos Aires. Reconhecido na historiografia como o redator mais radical e, por vezes, republicano da província fluminense, após ter sido acusado de “conluio republicano” na primeira devassa política do império do Brasil (1822), João Soares Lisboa foi intimado pelo governo a deixar o Brasil e proibido de continuar na redação do Correio do Rio de Janeiro, através do qual protagonizara a politização do processo de independência do Brasil. Em novembro de 1822, embarcou clandestinamente para Buenos Aires, onde se exilou até o início de 1823. Sua experiência hispano-americana de exílio foi decisiva para a sua condenação e a absolvição de todos os outros réus, como Joaquim Gonçalves Ledo, demarcando a rearticulação do jogo político e constituindo um ponto de viragem na política do Império do Brasil. Neste sentido, o exílio é analisado como trânsito cultural, com sua construção de fronteiras e redes imaginárias, e aquisição de experiências e olhares sobre o “outro”. Ademais, era um mecanismo da política liberal, uma espécie de modo de fazer político utilizado sobretudo por redatores. Mais tarde, o exílio integrou a memória histórica das trajetórias desses exilados como um elemento que as qualificava, por vezes, de radicais, em outras, como exemplos de percursos históricos de moderação constitucional.