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Abstract
RESUMO Habitante das terras brasileiras à época de seu descobrimento pelos portugueses, o ameríndio sempre esteve presente, enquanto tema, na produção literária do Brasil, tendo inclusive ocupado posto de relevo em alguns momentos, como nos períodos arcádico e romântico, e em algumas expressões do século XX, como na obra de Antônio Callado e Darcy Ribeiro. No entanto, a despeito do papel que desempenhou nessas narrativas, e dos esforços dos últimos escritores de aproximar-se de sua cultura, ele nunca deixou de ser tratado por uma ótica externa a si mesmo. Nas últimas décadas, contudo, graças em grande parte ao diálogo que vem sendo estabelecido entre os estudos literários e correntes do pensamento como os Estudos Culturais e Pós-Coloniais, descendentes de índios versados em português, estão buscando recuperar suas tradições ancestrais narrando as estórias de suas tribos e publicando-as em livros. Essa nova expressão, marcada por alto teor de resistência à dominação da cultura hegemônica, já tem dado frutos importantes tanto no que diz respeito à literatura e à cultura brasileira quanto no que se refere ao papel do indígena no quadro político e social do país. O presente ensaio é uma reflexão sobre essa passagem da representação do indígena à sua busca de uma expressão própria, que vem sendo conhecida como “Literatura indígena contemporânea no Brasil” e uma tentativa de desconstrução da ideia de integração e assimilação dos povos indígenas ao padrão nacional, mostrando que suas manifestações literárias, mesmo quando produzidas através dos códigos de comunicação dominantes, contribuem para o fortalecimento de suas lendas e tradições.